Diário do Alentejo

Covid-19: Empresários de Portalegre vivem “dias difíceis"

03 de abril 2020 - 09:30

O presidente do Núcleo Empresarial da Região de Portalegre (NERPOR), Jorge Pais, alertou que os empresários do distrito “não têm condições” para suportar três a quatro meses sem atividade económica, na sequência da pandemia de covid-19. “As pessoas não vão de um dia para o outro regressar completamente à normalidade. Isto vai demorar ainda e, na generalidade, as nossas pequenas e microempresas não têm condições para suportar três ou quatro meses sem atividade económica”, afirmou o representante dos empresários do Alto Alentejo.

 

Em declarações à agência Lusa, o presidente do NERPOR previu que se “adivinham dias difíceis” para os pequenos comerciantes e empresários do distrito de Portalegre, região que, antes da pandemia da covid-19 chegar a Portugal, "já apresentava um tecido empresarial débil".

 

“Vamos recebendo 'feedbacks' de empresas, que estão muito apreensivas e preocupadas ao verem que esta situação se vai arrastar e elas não vão suportar, porque a atividade comercial vive do dia a dia, da caixa e da rotatividade do fluxo financeiro”, diz o responsável. “Adivinham-se dias difíceis e é preciso pensar em compatibilizar as medidas de proteção da saúde e segurança em relação a covid-19 com as medidas da economia e conseguir um equilíbrio”.

 

Nesse sentido, o presidente do NERPOR preconizou a abertura de outras atividades económicas ao público, cumprindo regras de segurança, à semelhança do que se está a fazer em relação aos supermercados. "Há necessidade de pensar como é que se consegue, simultaneamente, proteger a parte relativa à saúde, mas também permitir que as empresas não sufoquem sob o peso de uma imposição de simplesmente fechar as portas e não fazer absolutamente nenhum negócio”, refere.

 

Ainda no distrito de Portalegre, o presidente da Associação Empresarial de Elvas, João Pires, também se manifestou preocupado com a atual situação do comércio, considerando "insuficientes" os apoios que o Estado vai atribuir aos empresários. “As pessoas estão a perceber melhor os apoios do Estado. Estavam com alguma ilusão e agora, ao perceberem, estão a virar um bocadinho, porque acham injusto, porque é um bocadinho chutar para a frente com a barriga o problema e as empresas a endividarem-se”, disse.

 

Dizendo temer a entrada em 'lay-off' de várias empresas da região, João Pires recordou que há pequenas empresas e comerciantes com dívidas à Segurança Social e à Autoridade Tributária e Aduaneira, não podendo, assim, recorrer aos apoios anunciados. A restauração é um dos “pratos fortes” da atividade económica de Elvas, que vive principalmente de clientes oriundos da vizinha cidade espanhola de Badajoz. Com o controlo nas fronteiras, na sequência da epidemia, o setor, segundo João Pires, teve de se “reinventar”, tendo uma parte dos restaurantes optado por servir os “poucos” clientes que vão surgindo através do serviço de 'take-away'.

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