Diário do Alentejo

Covid-19: Empresas do sudoeste seguem "caminho arriscado”

28 de março 2020 - 18:25

O Movimento Juntos Pelo Sudoeste acusou empresas frutícolas de Odemira e Aljezur de seguirem um “caminho extremamente arriscado” ao continuarem a operar, podendo “colocar em risco a saúde de milhares de pessoas”, devido à pandemia de covid-“Poderá ser uma decisão economicista, em contraciclo com muitas outras empresas no país que foram obrigadas a parar”, diz fonte do movimento.

 

Esta decisão, além disso, “pode colocar em risco a saúde de milhares de pessoas que podem ser contagiadas e ser um foco de infeção para o resto do Baixo Alentejo e Algarve, para onde, aliás, já estão a ser transportados trabalhadores a fim de colmatarem a falta de mão-de-obra que as explorações agrícolas estão a ter naquela região”, acrescentou.

 

O comunicado do movimento surge em reação a uma nota de imprensa da Associação dos Horticultores, Fruticultores e Floricultores dos Concelhos de Odemira e Aljezur (AHSA), com o título "Agricultura do sudoeste alentejano continua a alimentar o país”. As associadas da AHSA, mais de 25 empresas daqueles setores nos concelhos de Odemira, no distrito de Beja, e Aljezur, no distrito de Faro, que "representam mais de 200 milhões de euros de faturação anual", mantêm "atividade em pleno", apesar da pandemia de covid-19, referiu a organização.

 

"Continuam a operar e a alimentar a cadeia de distribuição nacional e internacional", vincou a AHSA, que assegurou também no comunicado que, nas últimas semanas, seguindo "todas as orientações das autoridades", os seus associados “priorizaram ao máximo a prevenção e a implementação e adaptação dos seus planos de contingência".

 

Contudo, para o Movimento Juntos pelo Sudoeste, este argumento de manutenção da atividade das empresas para “alimentar a cadeia de distribuição nacional e internacional”, apesar da pandemia, “nas condições em que trabalham e vivem estas pessoas é um caminho extremamente arriscado”.

 

“O Juntos pelo Sudoeste vem exigir responsabilidade social por parte destas empresas agrícolas para com os trabalhadores que contratam, com medidas apertadas de rastreio, segurança e contenção de covid-19”, pode ler-se.

 

O movimento disse ainda que, “coincidentemente”, o comunicado da AHSA “sai no mesmo dia em que se conheceu o primeiro caso de infeção” pela covid-19 “no concelho de Odemira, exatamente de um trabalhador agrícola estrangeiro que chegou à região há pouco tempo, assim como da quarentena imposta a um grupo de 17 cidadãos de origem nepalesa”.

 

O comunicado da AHSA foi divulgado na quarta-feira ao final do dia. Oficialmente, na quinta-feira, a Proteção Civil de Odemira informou que a situação epidemiológica no concelho se tinha alterado no dia anterior, existindo “um cidadão estrangeiro”, de 46 anos, ”vindo da região de Lisboa” e “infetado com covid-19”, pelo que se encontra “em isolamento no domicílio, numa casa isolada na freguesia de Longueira/Almograve”, e a receber “acompanhamento médico e as refeições necessárias”.

 

Por decisão da Autoridade de Saúde, acrescentou a Proteção Civil municipal, estão em isolamento 19 pessoas de nacionalidade estrangeira, 17 deles, “sem quaisquer sintomas, que contactaram direta ou indiretamente com o cidadão infetado”, estão alojados num pavilhão desportivo em S. Teotónio, enquanto “duas cidadãs” estão “em quarentena no domicílio”, na mesma freguesia.

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