Diário do Alentejo

“Sines e o Mar”, um documentário de Francisco Manso

21 de novembro 2019 - 09:30

Francisco Manso, realizador e produtor de cinema, conta com uma longa carreira que inclui várias produções premiadas internacionalmente. Autor de diversas longas metragens realizadas para cinema, como “O Testamento do Senhor Napumoceno” ou “O Cônsul de Bordéus”, e de séries de televisão como “O Nosso Cônsul em Havana”, sobre Eça de Queiroz, Francisco Manso é, sobretudo, uma figura incontornável no panorama do cinema documental português. Neste domínio, a sua obra é marcada pelo documentário de caráter social, antropológico ou etnográfico e também por produções dedicadas a episódios marcantes da história de Portugal e a figuras, movimentos e correntes de relevo da cultura lusófona.

 

Texto José Serrano

 

 

 

A Fundação Calouste Gulbenkian apresentou “Sines e o Mar”, o mais recente documentário do realizador Francisco Manso. Quando passam 520 anos do regresso da primeira viagem de Vasco da Gama à descoberta do caminho marítimo para a Índia e 550 anos após o seu nascimento, a Comunidade Portuária de Sines, a Câmara de Sines e a Administração dos Portos de Sines e do Algarve promoveram a realização desta obra “que estabelece a ligação entre esta viagem épica e a cidade berço do navegador”.

 

Pressupõe o título deste seu documentário, “Sines e o Mar”, a ligação umbilical de Sines com o mar?

Sines é a terra onde nasceu Vasco da Gama, o primeiro homem a fazer a ligação marítima entre o Ocidente e o Oriente, o tema central de Os Lusíadas. Tudo isto tem um enorme significado para Portugal. Nós centrámos o documentário nestas viagens deste homem extraordinário, filmámos em Cochim, em Goa, na ilha de Moçambique, no cabo da Boa Esperança e em Portugal. Hoje, Sines com o seu porto, um dos maiores do mundo, continua a ter no mar o seu futuro. O mar e Sines são, desde sempre, realmente indissociáveis, eu refiro isso no documentário.

 

Mais de 500 anos após a epopeia marítima, ainda se sente a presença de Vasco da Gama nos locais onde filmou, na Índia?

Em Cochim e em Goa há uma forte ligação com o navegador, as pessoas sabem muito bem quem é Vasco da Gama. Sente-se bastante a sua presença, não só na casa onde ele terá vivido, na igreja de São Francisco onde esteve sepultado, ambas em Cochim, mas em outros vários locais, em que é recordado, através de gravuras. Sentimos que continua a ser uma personagem muito respeitada, com um significado imenso, que continua a ser falado. É um mito.

 

Qual o contributo que gostaria que este documentário pudesse dar a Sines?

Poder divulgar Sines, de uma forma inédita, poder levar informação a pessoas, lá fora, que não sabem se calhar onde nasceu Vasco da Gama, quem eram os seu pais, que foi três vezes à Índia… O documentário tem essa função, didática, mas também tem a função de mostrar a terra, virada para o mar, e a importância que tem, com o seu porto, no comércio e na comunicação deste mundo global. Se este documentário conseguir dar a perceber de que Vasco da Gama foi o pioneiro dessas viagens comerciais, acho isso fantástico.

 

Que lhe ficará na memória da experiência de filmar em Sines?

Eu sempre gostei muito de Sines. A minha familia materna é do Alentejo, de Alcácer do Sal, e quando eu era miúdo passávamos férias em Sines. Isto muito antes de existir o porto, hoje vital para a economia nacional, quando ainda era só uma praiazinha de pescadores. Embora tenha tido este enorme desenvolvimento, este grande movimento de navios, Sines continua a ter um caráter, muito vincado, de terra de pescadores, de gente ligada ao mar. Continua a ter esse lado romântico que eu gosto particularmente.

 

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