Diário do Alentejo

Colaço Guerreiro, autor do “Programa Património”

10 de janeiro 2020 - 11:40

Texto Nélia Pedrosa

O “Programa Património” da Rádio Castrense assinalou, no passado dia 15 de dezembro, os seus 30 anos de serviço público. Qual o balanço que fazem destas três décadas no ar? O programa “Património” iniciou as suas emissões em 18 de setembro de 1989, imediatamente a seguir à reabertura da Rádio Castrense, após a sua legalização, dando continuidade à experiência criada e mantida em “antena pirata” desde 1987 e até ao seu encerramento forçado. O propósito inicial, que era da divulgação e promoção dos nossos valores culturais mais autênticos, continua ainda a ser o nosso guião e com ele, como bandeira, temos vindo ao longo dos anos a desenvolver um trabalho de revitalização da nossa memória coletiva, valorizando as práticas etno-musicais mais próximas das nossas raízes. Com esse propósito, convidamos e trazemos a estúdio, semanalmente, os protagonistas da cultura local que são os verdadeiros detentores e guardiões dos saberes matriz da nossa identidade. Por outro lado, através da participação telefónica, chegam-nos também os testemunhos dos poetas populares, dos tocadores, cantadores de improviso, contadores de histórias e outros sabedores da nossa pertença cultural.

Quem são atualmente os ouvintes e como interagem com o programa?Cedo se estabeleceram e firmaram laços de cumplicidade e afetos com o nosso auditório que há mais de 30 anos não dispensa o “Programa Património”, que, carinhosamente, é denominado como “a grande roda de amigos”. Acompanhando sempre a melhoria dos recursos tecnológicos, deixámos para trás a exclusividade da transmissão radiofónica através do 93FM e começámos também a emitir on line e, agora, chegamos com som e imagem aos nossos seguidores através dos “diretos” de vários grupos do Facebook aderentes ao “Programa Património” e que espalham as nossas emissões pelos quatro cantos do mundo.

Quais as perspetivas para o programa em termos futuros, nomeadamente, quanto a inovações no formato? Retirámos a viola campaniça e os cantares a ela associados do esquecimento e da morte anunciada, demos novo alento aos cantares repentistas como o despique e baldão, divulgamos e enaltecemos o cante alentejano acarinhando os nossos grupos corais, damos destaque continuado aos nossos poetas populares e, futuramente, não deixaremos também de dar voz e reconhecer o mérito a todas as práticas culturais aqui ativas, tendo sempre como lema de que devemos gostar cada vez mais daquilo que é nosso. Para tal, saberemos recorrer à imaginação e inovaremos, para levar cada vez mais alto e longe a nossa tradição cultural, prosseguindo também a nossa prática já arreigada de realizarmos o “Programa Património” em vilas, aldeias e montes, ao vivo e junto daqueles que fazem parte da nossa denominada “grande roda de amigos”.

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