Também a Vitacress – que nasceu inglesa, mas hoje é 100 por cento portuguesa –, um dos líderes europeus no fornecimento de produtos agrícolas frescos, tem vindo a diversificar os mercados onde opera. No entanto, “o mercado britânico continua a ser importante para a Vitacress Portugal, embora com menos peso do que no passado”, disse ao “Diário do Alentejo” o diretor-geral da empresa, Luís Mesquita Dias, revelando que “a percentagem das vendas que se destina ao Reino Unido é de 20 por cento”.
Quanto ao futuro imediato consideram-se confortáveis “na medida do possível”. “É evidente que gostaríamos de continuar a ter a Inglaterra na União Europeia com tudo o que isso representaria de ausência de entraves na circulação de mercadorias. Estamos, no entanto, tranquilos quanto à continuidade da necessidade de abastecimento de hortícolas a partir de Portugal, pelo que não antevemos redução de vendas, apenas mais dificuldades logísticas e burocráticas”.
No setor do turismo o panorama parece não ser dramático. Ao contrário do que se passa no Algarve, onde a desvalorização da moeda do Reino Unido arrefeceu o interesse por aquele destino, levando a uma quebra de 250 mil turistas britânicos entre 2017 e 2018, no Alentejo o número de dormidas representa apenas cerca de 10 por cento do total. Nos últimos dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) são referidas 28 101 dormidas de turistas ingleses no Litoral, Baixo, Alto e Alentejo Central, longe dos cerca de 90 mil vindos de Espanha, dos 50 mil da Alemanha ou dos 45 mil dos Estados Unidos da América.
No Baixo Alentejo o INE contabiliza 3725 dormidas de turistas britânicos, o que representa apenas sete por cento do total de dormidas de estrangeiros. No entanto, o Turismo de Portugal tem em marcha uma campanha com o objetivo de, pelo menos, manter o nível de visitas dos britânicos: ao “Brexit” inglês os portugueses responderam com “Brelcome”, o slogan da campanha em terras de Sua Majestade.
Vítor Silva, presidente da Associação de Promoção Turística do Alentejo, em declarações ao “Diário do Alentejo”, mostra-se confiante no futuro. “Os ingleses já perceberam que não irão ter dificuldades em sair para o estrangeiro. O Reino Unido não faz parte do Espaço Schengen, portanto, os constrangimentos serão os mesmos, terão de mostrar o passaporte tal como agora fazem”, explica. No entanto, “se houver um abrandamento na economia inglesa”, isso pode ter reflexos no poder de compra e, por essa via, diminuir a capacidade dos britânicos viajarem para o exterior. A aposta é diversificar. “Os turistas vindos do Brasil e dos Estados Unidos estão a crescer todos os anos e estes países não fazem parte da União Europeia”, refere.