Diário do Alentejo

Acontecimento do ano: A “guerra” dos olivais alentejanos

02 de janeiro 2020 - 00:05

Ainda mal tinha arrancado janeiro e já o “Diário do Alentejo” noticiava que cerca de metade da área ocupada pelo olival em Portugal se encontrava no Alentejo. Na altura, revelaram os números, 177 mil hectares e destes 52 mil afetos à área hidroagrícola do Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva, confirmando o aumento continuado de áreas destinadas a pés de oliveiras em solo alentejano. Acontece que, pela mesma altura, os pequenos olivicultores do Baixo Alentejo queixaram-se da concorrência dos olivais superintensivos. 

 

E foi também este ano que a EDIA informou todos os beneficiários de que o fornecimento de água para rega “a título precário” para novas áreas localizadas fora da mancha de rega beneficiada “só seria equacionado para instalações de culturas anuais”, deixando, assim, de fora, entre outras culturas, o olival.

 

Sucederam-se, mais tarde, críticas a alertar sobre a falta de regras e de monotorização de culturas agrícolas intensivas e superintensivas e sobre estas matérias também se agitaram os diversos partidos políticos, embora com diferentes posições sobre a matéria. O que levou as associações de agricultores a defenderem que “por falta de conhecimento, ou por razões ocultas [ambientalistas, partidos políticos e jornalistas], estão a promover a desinformação e a colocar em causa o trabalho e o contributo positivo dos agricultores para a dinamização da agricultura, para o desenvolvimento da região e para o combate às alterações climáticas”.

 

Capoulas Santos, na altura ministro da Agricultura, determinou que, no âmbito do atual quadro comunitário de apoio, “no perímetro do Alqueva, não haverá mais apoios ao investimento para instalação de olivais, nem para a instalação de agroindústrias associadas ao olival”. Decisão, esta, que foi imediatamente criticada por olivicultores, que consideraram a medida “discriminatória e influenciada”, e por ambientalistas, por “não olharem para a medida como solução”.

 

Com o ano a terminar, a Associação de Olivicultores do Sul realizou as suas jornadas, que tiveram como principal propósito responder às acusações feitas ao longo do ano e “desmistificar ideias feitas” em relação à produção intensiva e superintensiva. 

 

OUTROS DESTAQUES

 

PASSAGEM DO MUSEU DE BEJA PARA A TUTELA DA CULTURA

A confirmação da passagem da tutela do Museu Rainha Dona Leonor, em Beja, da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (Cimbal) para a Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCA) chegou em fevereiro. A medida, essa, está integrada no novo regime de autonomia de gestão dos museus. Assegurada fica, segundo foi noticiado, uma parceria entre a DRCA e a Câmara de Beja, bem como “a permanência do espólio [do museu] na região e manutenção dos respetivos postos de trabalho”. Segundo o Ministério da Cultura, a integração do museu na rede nacional de museus “permitirá o acesso a colaborações especializadas e a uma maior capacitação para o cumprimento da sua missão enquanto museu regional”. “O museu fica em Beja, o espólio fica em Beja e o museu será muito mais valorizado colocando Beja na rede nacional de museus”, defendeu, este ano, Paulo Arsénio, presidente da Câmara Municipal de Beja. Já Jorge Rosa, presidente da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo, considerou que “a gestão para a DRCA é a ideal para que o museu seja valorizado como merece, assim como as suas coleções e peças únicas”. 

 

FALTA DE MÉDICOS NA REGIÃO

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) revelou dados e ficou a perceber-se que o número de médicos internos no hospital de Beja diminuiu, de 2015 para 2018, traduzindo-se na carência de profissionais em várias especialidades. E, em março, noticiava-se que das nove vagas disponibilizadas para médicos de família apenas uma tinha sido ocupada. Tendo o serviço de urgência de ginecologia e obstetrícia encerrado, durante 24 horas, em abril, devido à falta de um segundo médico especialista. “Se nada for feito, o serviço de Ginecologia Obstetrícia do hospital de Beja, com cerca de 1140 partos/ano, acabará por encerrar, depois de anos de enormes sacrifícios”, quem o disse foi João Bernardes, presidente do Colégio da Especialidade de Ginecologia e Obstetrícia da Ordem dos Médicos. Relativamente à falta de médicos, foi ainda notícia o facto de faltarem 78 médicos no quadro de pessoal da Ulsba, constatando-se que só 65,8 por cento estão efetivamente contratados, recorrendo-se, depois, à prestação de serviços. Mas este foi também o ano em que a ministra da Saúde visitou o hospital de Beja e o conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (Ulsba) anunciou investimentos no total de quatro milhões e 310 mil euros. Prevendo-se que o equipamento de ressonância magnética seja instalado até 2021.

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