Texto Aníbal Fernandes
A região do Alentejo tem vindo a afirmar-se “como referência mundial no processo de modernização e inovação na olivicultura” e, já hoje, contribui decisivamente para que, dentro de uma década, Portugal atinja a sétima posição em área de olival e a terceira em produção. Esta é uma das conclusões do estudo “Alentejo: A liderar a Olivicultura Moderna Internacional”, apresentado na passada terça-feira, 26, durante as VI Jornadas organizadas pela Olivum – Associação de Olivicultores do Sul, que tiveram lugar em Beja, no auditório do Nerbe.
As jornadas traçaram o retrato da fileira do azeite, perspetivaram o futuro e responderam aos “argumentos falaciosos” de que os agricultores se sentem vítimas, e que, segundo Paulo Lopes, presidente da Olivum, “põem em causa” o futuro da atividade. “Somos os primeiros interessados em promover boas práticas agrícolas”, disse, mostrando-se ainda disponível para dialogar com o Governo e as associações ambientalistas, lembrando que os agricultores já deram sinal de que são sensíveis a algumas das questões levantadas, nomeadamente, quando decidiram a “suspensão temporária” da apanha noturna da azeitona para proteger a avifauna.
Pedro Santos, diretor-geral da Consulai, empresa que em conjunto com Juan Vilar, consultor espanhol, elaborou o estudo, também reagiu aos “ataques” que a olivicultura tem sofrido, dizendo que o trabalho agora divulgado “tenta desmistificar os argumentos” utilizados pelos detratores, como, por exemplo, a utilização de produtos fitofármacos, que, “quando comparado com outras culturas, não tem significado”.
Neste momento existem 361 483 hectares de olival em Portugal, mas, apesar de um “ligeiro aumento” nos últimos anos, a área ainda é inferior à registada no princípio do século, que era de 367 351 hectares. No entanto, a produtividade quadruplicou nos últimos 18 anos, passando de meia tonelada para duas toneladas de azeitona por hectare.Em termos económicos, no último triénio, o volume de negócios da fileira atingiu os 620 milhões de euros, duas vezes e meia mais do que no triénio de 2010/13, representando nove por cento da produção agrícola nacional.
Já no que se refere ao total do investimento agrícola no Alentejo, que é de 665,7 milhões de euros, o olival representa 64,39 por cento desse valor, sendo que os 55 185 hectares de olival no EFMA “apenas são 1,75 por cento do total do território do Alentejo e 15,27 por cento da área total de olival a nível nacional”.