Diário do Alentejo

Baixo Alentejo: Número de mortes é o dobro dos nascimentos

22 de novembro 2019 - 10:10

Taxa de mortalidade no Baixo Alentejo é a mais alta do País. Por cada dois óbitos apenas é registado um nascimento. Especialistas dizem que cenário é "assustador" e está a atingir "ponto de não retorno".

 

Texto Aníbal Fernandes

 

Por cada duas mortes apenas nasce uma criança. A taxa de mortalidade no Baixo e Alto Alentejo atinge os 17,2 por cada mil habitantes, a mais alta do País. Um cenário “assustador” e que revela “a falência de certos territórios”. “Não podemos deixar que a situação chegue ao ponto de não retorno”. É assim que Helena Freitas, professora universitária e ex-coordenadora da Unidade de Missão Para a Valorização do Interior, reage perante os números que considera assustadores e que revelam “uma falência, de facto, de certos territórios”.

 

A taxa de mortalidade no Baixo Alentejo é de 17,2 por cada mil habitantes, um número que se destaca do total nacional (11) e até do Alentejo Litoral (13,3) e Alentejo Central (14,6). A solução para este problema passa por “políticas” que apostem na revitalização dos serviços públicos, nomeadamente, “ao nível da educação e saúde”, diz a especialistas em questões ligadas ao território.

 

A regeneração dos territórios é “complexa” e deve ser alavancada, segundo Helena Freitas, nas cidades [Beja e Portalegre], passando pela “industrialização do interior”. Mas para que tal seja possível “o País e o Governo têm que considerar que isso é prioritário. O investimento privado nunca irá para este tipo de territórios se não existirem políticas públicas com o mesmo objetivo”, afirma.

 

Também a demógrafa Maria Filomena Mendes, em declarações recentes ao “Diário do Alentejo”, dizia que “a saída de casais jovens para o litoral ou para o estrangeiro” é a causa da queda da natalidade, um fenómeno que se vem a verificar desde os anos 80 do século passado. No entanto, a especialista refere que, no caso do Baixo Alentejo, “tem havido alguma recuperação, mas como a redução foi tão grande a base de partida é muito baixa, fazendo com que esse número não seja suficiente”.

 

Em 2018 morreram 2016 pessoas no Baixo Alentejo. No mesmo período de tempo apenas nasceram 941 crianças, um número que nos últimos anos se tem mantido mais ou menos constantes (ver tabela). Para Maria Filomena Mendes, a solução para esta crise demográfica passa, por um lado, pela imigração, e, por outro, pela criação de “incentivos à fixação dos jovens” no território, “de forma a motivar os jovens casais que estão no litoral a regressarem ao interior, e os que cá estão a permanecerem”.

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