A procura de turistas e especialistas pelos passeios às pedreiras do Alentejo tem aumentado, mas, um ano após a derrocada de um troço da estrada 255 em Borba, as visitas estão a ser dificultadas. Alguns empresários "não estão a aceitar as visitas" às pedreiras e "as próprias estradas [que lhes dão acesso] estão a começar a ficar condicionadas, com informação de interdição", afirma à agência Lusa um dos promotores dos passeios.
Carlos Filipe, do Centro de Estudos de Cultura, História, Artes e Património (CECHAP), de Vila Viçosa, que promove a Rota do Mármore do Anticlinal de Estremoz (RMAE), conta que as visitas estão a ser dificultadas desde há cerca de dois meses. O responsável diz suspeitar que "a informação que está a chegar à indústria" por parte dos organismos do Estado "está a impedir o acesso de qualquer pessoa ou entidade que não tenha uma relação" com o setor.
"Estamos a contactar alguns dos habituais industriais" e estes "não estão a aceitar as visitas", como normalmente acontecia, porque "têm medo que lhe apareça alguma inspeção do trabalho ou da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG)", explica.
A RMAE, que abrange os concelhos de Sousel e de Estremoz, Borba, Vila Viçosa e Alcandora, é uma oferta turística sobre as realidades das pedreiras e das indústrias transformadora e extrativa, que inclui visitas. Segundo o também investigador universitário e historiador Carlos Filipe, existe "um número crescente de visitantes" às pedreiras, provenientes de vários países da Europa e dos Estados Unidos, além de estudantes de escolas nacionais e de Espanha. Contudo, "somos barrados constantemente em levar esses grupos à indústria e não compreendemos esta alteração tão brusca e repentina, uma vez que sempre tivemos o cuidado de levar os nossos visitantes aos lugares com segurança", refere.
Carlos Filipe diz que "a Rota do Mármore está a ter um outono como nunca teve" em termos de procura, adiantando que, até ao final deste ano, existem "cerca 250 pessoas já com marcações confirmadas".
"Na próxima segunda-feira, vêm de Londres vinte alunos de arquitetura de uma faculdade" e, perante a atual situação, "temos que encontrar novas estratégias, porque não estamos a fazer o que normalmente fazíamos", assinala. O responsável do CECHAP reconhece que “qualquer visita a uma pedreira é interdita a estranhos", mas ressalva que as realizadas no âmbito da Rota do Mármore eram "acordadas com os proprietários".