Diário do Alentejo

Sindicato: Fecho da central de Sines deve ser “repensado"

17 de novembro 2019 - 00:10

O coordenador da federação intersindical das indústrias metalúrgicas, químicas, elétricas e energia (Fiequimetal) defendeu que devem ser reconsideradas as datas para o encerramento das centrais elétricas do Pego e Sines, por ser uma questão estrutural. “Defendemos que o Governo dever reconsiderar as datas anunciadas para o encerramento da central termoelétrica do Pego, em 2021, e Sines, em 2023, porque entendemos que uma mudança desta envergadura, pois estamos a falar de uma mudança estrutural, deve ser antecedida de alternativas”, disse hoje à Lusa Rogério Silva.

 

O dirigente sindical, que falava à margem de uma reunião com o secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba, sobre matérias ligadas ao setor energético, explicou que as alternativas devem, em primeiro lugar, garantir os postos de trabalho, bem como o impacto económico que possa provocar em cada uma das regiões, e garantir também a capacidade produtiva e energética do país”.

 

A reunião foi pedida pela Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Elétricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal), ligada à CGTP, a propósito do recente anúncio feito pelo executivo, que está refletido no programa de Governo, sobre o encerramento das centrais termoelétricas a carvão do Pego e em Sines, bem como sobre a possível venda pela EDP de seis concessões hídricas no norte do país.

 

“Esta matéria tem vindo a ser discutida e, na nossa opinião, de forma errada. Portugal continua a ter um défice energético que ronda os 70% e o país necessita de um plano energético nacional que não afunile a discussão exclusivamente na questão das energias renováveis”, advertiu o dirigente sindical.

 

De acordo com a Fiequimetal, atualmente estão em discussão “várias possibilidades” e no caso da central termoelétrica do Pego coloca-se, por exemplo, a possibilidade de a alternativa “ser a biomassa, mas poderá haver outras”. Para esta federação “caberá aos especialistas fazer os estudos alternativos e apresentá-los ao Governo e tomar a decisão política correta, que passe por não precipitar o encerramento de forma intempestiva, como está a ser [atualmente] colocado em cima da mesa”.

 

“Isto é, querer fazer em dois a três anos aquilo que não se fez em 10 a 15 anos”, lembrou à Lusa Rogério Silva, adiantando que as duas centrais termoelétricas empregam cerca de 600 trabalhadores. O dirigente sindical alertou ainda para o facto de a decisão do Governo de encerrar as duas centrais termoelétricas “vem ao arrepio” daquilo que está a ser feito para situações idênticas noutros países, caso da Alemanha que tem cerca de 60 centrais a carvão, que “tem um plano que será executado de forma faseada” e onde estão a ser “encontradas alternativas que substituam as centrais a carvão”.

 

O coordenador da Fiequimetal esclareceu ainda que “esta é a questão central” e ressalvou que “tudo o que for possível fazer do ponto de vista da produção energética para não prejudicar o ambiente é positivo. Ninguém diz o contrário!”. “Não somos alheios a essa realidade”, realçou, lembrando que “há demasiado ruído à volta desta matéria e uma certa abordagem populista sobre o assunto”.

 

E avançou: “As fontes de energias não exclusivamente as renováveis e será estrategicamente errado afunilar apenas as fontes de produção energética naquilo que são as renováveis, já que o assunto deve ser abordado do ponto de vista estratégico e de uma forma mais global”.

Comentários