A associação Solidariedade Imigrante exigiu hoje a revogação da resolução do anterior Governo sobre o alojamento de trabalhadores em explorações do Aproveitamento Hidroagrícola do Mira (AHM) por considerar que "é o caminho para legalizar um crime”. "Vemos a resolução como uma cobertura legal para mais de 200 alojamentos, incluindo contentores sem o mínimo de condições, que existem no terreno de forma ilegal" para alojar trabalhadores em explorações agrícolas do AHM, disse à agência Lusa Alberto Matos, dirigente da associação de defesa dos direitos dos imigrantes em Portugal.
A resolução "é inadmissível e deve ser imediatamente revogada", porque "é o caminho para legalizar um crime, com promessazinhas vagas", frisou, defendendo que "o crime não se melhora, erradica-se" e "este é o caminho a seguir em relação às questões de alojamento de trabalhadores e ambientais" no AHM.
O Governo e os donos das explorações agrícolas "podem dizer que melhoram aquilo que já é ilegal, inadmissível e permitiram", mas "não queremos melhorar um bocadinho o crime, queremos erradicar o crime social e ambiental que está a ser feito no AHM", disse Alberto Matos, segundo o qual "equiparar habitações, que têm de ser condignas, a instalações agrícolas é um truque mal-amanhado para legalizar o inadmissível".
Alberto Matos disse que vê "com muita preocupação" trabalhadores a viverem em alojamentos temporários em explorações agrícolas, "porque faz lembrar campos de trabalho forçado em África, só que sem arame farpado, nem metralhadoras”. "É ter imigrantes que mal se levantam da cama já têm o local de trabalho à porta" e "é criar guetos, que é o caminho errado, pior e o mais perigoso, porque criando guetos vão se criar zonas de exceção, muros entre comunidades".