O Sindicato das Indústrias, Energias e Águas de Portugal (SIEAP) alertou para os “problemas sociais graves” que a cessação da produção da Central de Sines em 2023 poderá causar na região e vai pedir esclarecimentos ao Governo. Em comunicado, o SIEAP diz que concorda com a descarbonização da economia, mas opõe-se a “que sejam criados outros problemas sociais graves sobre os trabalhadores e suas famílias”.
“Causa-nos muita estranheza o anúncio do primeiro-ministro sem que anteriormente tenham sido contactados os trabalhadores e sem terem atenção ao impacto social que vai causar nesta área geográfica do país”, afirmou à agência Lusa Cláudio Santiago, do SIEAP.
Defendendo que “a melhoria do ambiente é compatível com a melhoria da vida de todas as pessoas”, o sindicato, que está preocupado com os “direitos dos trabalhadores da EDP e das empresas subcontratadas”, diz que vai trabalhar para “tentar mitigar os impactos que vão resultar desta intenção do Governo” de cessar a produção da Central Termoelétrica de Sines, no distrito de Setúbal.
“Já acompanhámos alguns fechos de centrais da EDP ao longo do tempo e os seus efeitos foram sempre mitigados, desde que feitos com antecedência e acompanhamento corretos. No caso da Central de Sines, pelo grande número de trabalhadores subcontratados que ali prestam serviço, muda o âmbito que habitualmente temos observado”, refere.
Segundo o dirigente da estrutura nacional do SIEAP, que estranha o silêncio da EDP Produção, a decisão vai afetar sobretudo os trabalhadores das empresas subcontratadas, uma vez que, no caso dos trabalhadores da EDP, não se está "a falar do desemprego, mas sim de uma recolocação”.
“Em relação aos trabalhadores das empresas prestadoras de serviço, estamos a falar de facto em desemprego e com o impacto que vai ter na vida destes trabalhadores, a maioria muito jovens e com algumas qualificações que podem ser reconvertidos e que certamente vai ter na área dos concelhos de Sines e de Santiago do Cacém”, no litoral alentejano.
Para o sindicato mais representativo dos trabalhadores da Central de Sines, o anúncio desta decisão “sem ouvir todas as partes envolvidas poderá não ser um bom indicador” e por isso vai exigir reuniões com o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, e a Ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, com a Comissão de Economia do parlamento e com a EDP Produção.
“Queremos falar com os intervenientes neste processo, fazer o papel que deveriam ter feito anteriormente, falando com os trabalhadores, e saber qual é a posição oficial do Governo e o que é que mudou desde as últimas reuniões com o secretário de Estado da Energia, João Galamba, para este acelerar de datas que nunca nos foi transmitido”, concluiu.