Diário do Alentejo

Beja: Companhias de teatro apoiadas pela DGArtes

27 de outubro 2019 - 01:05

A Lendias d’Encantar, de Beja, e a Baal 17, de Serpa, duas companhias de teatro do distrito de Beja, viram aprovados, pela DGArtes, os subsídios a que se candidataram para próximos dois anos. No entanto, a região do Alentejo é a única a nível nacional onde as verbas disponíveis para este tipo de apoio foram diminuídas. Em Évora, quatro companhias ficaram sem apoio e o Cendrev diz mesmo que pode ser forçado a fechar portas.

 

Texto Aníbal Fernandes

 

Os resultados provisórios dos concursos sustentados de apoio às artes teatrais para o biénio 2020/21 atribuíram às duas companhias do Baixo Alentejo cerca de meio milhão de euros. Este é o primeiro ano em que são aplicadas as alterações no modelo de apoio às artes propostas pelo Grupo de Trabalho do Modelo de Apoio às Artes, e, segundo a Direção-Geral das Artes, estas “tiveram um impacto significativo nos resultados”.

 

António Revez, responsável da companhia Lendias d’Encantar, mostra-se satisfeito por a sua candidatura ter sido aprovada com cerca de 313 mil euros, 83 por centro do requerido, o que é “um aumento significativo” em relação ao passado. No entanto, lamenta que “o Alentejo seja a única região do País em que houve uma redução” do financiamento à atividade teatral. “Parece quase um gozo, é uma humilhação”, diz António Revez, considerando que este “corte tem efeitos práticos lamentáveis” e que pode levar ao encerramento de mais companhias da região, para além das quatro que fecharam nos últimos oito anos. “Qualquer dia há dinheiro para subsídios, mas não existem companhias para concorrer a eles”, desabafa o diretor artístico da Lendias d’Encantar.

 

Também Rui Ramos, da companhia sediada em Serpa, a Baal17, se mostra satisfeito com os 153 mil euros concediddos, já que este “é o maior financiamento” que alguma vez receberam, mas, face à redução dos apoios culturais para o Alentejo, considera ser importante “fazer pressão para aumentar as verbas” destinadas ao setor e “evitar a tentação de pôr companhias umas contra as outras”. As duas companhias bejenses candidataram-se com projetos de criação, programação e educação.

 

A Lendias d’Encantar é responsável pelo FITA (Festival Internacional de Teatro do Alentejo), tem uma atividade local, nacional e internacional – com enfâse no espaço ibero-americano –, e edita a revista bilingue “Escenários”.

 

Quatro companhias teatrais do Alentejo, incluindo o histórico Centro Dramático de Évora (Cendrev), ficaram sem apoio da DGArtes. José Russo, diretor da companhia eborense, em declarações à Lusa, diz que “o resultado disto é para a gente fechar portas. Quer dizer que, para o ano, tanto para nós, como para as outras companhias que não tiveram apoios, o destino será fechar a porta”. Na área do teatro, o Cendrev é uma das quatro companhias do Alentejo, todas do distrito de Évora, que foram notificadas de que não vão receber apoios no quadro dos Concursos Sustentados Bienais 2020/2021.

 

As outras estruturas teatrais da região de fora do apoio, apesar de, em todos os casos, as suas candidaturas terem sido consideradas elegíveis, foram A Bruxa Teatro, também da cidade de Évora, e o Projeto Ruínas e a Algures – Coletivo de Criação, de Montemor-o-Novo. O Alentejo, com 1,7 milhões de euros, foi a única região que sofreu um corte neste tipo de apoio, perdendo cerca de oito por cento e 130 mil euros em relação ao biénio anterior. Lisboa e as regiões Centro e Norte foram as mais beneficiadas.

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