Houve, assim, medidas que se destacaram, durante a sessão, como “mais urgentes” e que foram unanimes. “A questão das acessibilidades, por ser transversal às outras reivindicações. Precisamos de uma ligação ferroviária moderna entre Casa Branca – Beja – Funcheira”, justifica Filipe Pombeiro. E continua: “Temos de abrir, de imediato, o troço da A26, que está concluído, e o mais rapidamente possível concluir o resto da ligação do IP8/A26, no modelo que se encontrar mais eficiente, mas sem perder de vista que o troço que existe hoje é realmente mau, para pessoas e empresas”.
O hospital de Beja foi outro dos focos dos empresários, bem como o aeroporto de Beja. “De facto todas estas questões estão intimamente ligadas. Sem rodovia e ferrovia, não temos pessoas, porque não temos investimento. Para captar investimento, temos de ter boas acessibilidades para fixar cá empresas, que serão depois geradoras de investimento, criarão emprego, que será progressivamente mais especializado, e gerarão riqueza que será distribuída e potenciará o mercado da região”, considera ainda o presidente da associação dos empresários. “Por outro lado, temos de ter uma boa oferta no que respeita à saúde, tendo especial foco nos problemas que o hospital de Beja atravessa e uma oferta formativa de muita qualidade que fixe os nossos jovens, mas também que atraia pessoas de outras regiões que se possam fixar e combater o maior problema que temos, que é a desertificação humana”, considera.
“Os candidatos a deputados, e os que forem depois eleitos, não podem incorrer no risco de dizer que não tinham conhecimento de certos problemas e certas questões importantes para a região e para as pessoas. O que fizemos, com esta iniciativa, foi transmitir as nossas opiniões e os nossos argumentos antes das eleições”, comenta agora Fernando Rosário, empresário da região que também participou nesta sessão. “Não compreendemos por que motivo existe cada vez menos investimento na saúde, por que motivo continua fechado o troço da A26. Temos vários problemas e isto não são problemas individuais, estão interligados. O aeroporto não terá viabilidade enquanto não existirem boas acessibilidades, mas também não chegarão mais pessoas se não existirem bons cuidados de saúde. O que faz falta para a nossa região é, deste modo, uma solução integrada e não avulsa. Até para viabilizar as diversas componentes e para o País fique beneficiado e possa daqui tirar também algum rendimento dos investimentos que são feitos”, argumenta. E conclui: “Cada vez assistimos a um maior desenvolvimento agrícola no Sul, mas também assistimos cada vez a mais dificuldades, até para escoarmos os produtos”.
“É preciso perceber que a agricultura tem sido a alavanca de desenvolvimento da região e que, tendo sempre em conta as preocupações ambientais, não podemos deixar de fomentar os investimentos agrícolas e agroalimentares, sob pena de virmos a perder esta dinâmica empresarial que nos diferencia das outras regiões do País. Não podemos esquecer a importância que o Alqueva teve na região e nas novas culturas de regadio, nem o produto e a capacidade exportadora da região”, prossegue Filipe Pombeiro.
“Se potencializarmos o que temos, aeroporto e Alqueva, teremos, certamente, mais pessoas e mais investimentos. É exemplo o que se está a passar com a agricultura. Criaram-se condições, nomeadamente, com a existência de água, para o crescimento de outro tipo de culturas que não eram comuns por cá, e estamos a ver o desenvolvimento que temos. E pergunto: O que é que acontecerá se Beja tiver uma ligação decente em termos de ferrovia e uma estrada, em formato de autoestrada?”, comenta agora Luís Borba.
Recorde-se ainda que os empresários aproveitaram a oportunidade também para apresentar aos candidatos a deputados um conjunto de preocupações mais genéricas, mas que têm especial relevo no Alentejo. E Filipe Pombeiro enumera-as: “A falta de uma política fiscal estável e a desproporcionalidade do tratamento entre contribuinte e Administração Tributária, com valores de coimas e outras penalidades completamente descabidas e castradoras da atividade económica. Mas também preocupações com matérias laborais e de custos de contexto e excesso de burocracia. E preocupações ao nível da justiça, que se refere por exemplo à dificuldade na cobrança de dívidas de clientes”.