Diário do Alentejo

Ópera "Geraldo e Samira” estreia em Évora

31 de agosto 2019 - 11:00

"Geraldo e Samira – Uma Ópera para Évora” é uma obra inédita, com mais de 100 artistas em palco, entre cantores, músicos, bailarinos, atores e figurantes, que vai ser representada nesta cidade alentejana, alvo da homenagem, no sábado e domingo. O espetáculo integra-se na reta final da programação do Festival Artes à Rua (que termina oficialmente a 05 de setembro), promovido pela câmara, e trata-se de uma criação inédita conjunta entre a produtora de música erudita Musicamera e o compositor Amílcar Vasques-Dias.

 

A ópera é “uma homenagem à cidade” e conta a história, de forma ficcional, da conquista de Évora aos mouros por Geraldo sem Pavor (em 1165) e, também no campo da ficção, “do amor que Samira sentia pelo herói”, referiu a organização. Com música escrita por Amílcar Vasques-Dias e libreto assinado por Helena da Nóbrega, esta “ópera épica sobre a história da cidade e o amor de Geraldo e Samira no período de reconquista da cidade aos mouros” tem encenação de F. Pedro Oliveira.

 

Nélia Pinheiro, da Companhia de Dança Contemporânea de Évora (CDCE), é a coreógrafa, Brian MacKay é o diretor musical e Isabel Telinhos é a figurinista, explicou também a organização. O espetáculo vai ser representado no Jardim da Palmeira, junto à muralha da cidade, e vai fazer Évora regressar ao século XII, altura em que ainda se chamava Yabura e estava tomada pelos mouros, integrando o al-Andaluz.

 

O compositor Amílcar Vasques-Dias destacou à agência Lusa que Geraldo “é uma personagem histórica, quase semilendária”, mas, para esta ópera, a produção optou por fazer algo que “fosse meio histórico e meio ficcionado”. “Não há nada em termos históricos que diga respeito a Samira, a filha do alcaide-mor de Yabura, como se chamava Évora há 800 anos. E, apesar dos registos históricos de Geraldo, a Helena da Nóbrega também preferiu ficcionar o Geral e a Samira” e criar “uma história de amor entre um cristão e uma muçulmana”, adicionando “outros personagens ligados a estes principais e ao alcaide-mor”, precisou.

 

Na altura, continuou, “havia aqui uma cultura muçulmana, mas também já cristãos, hebreus e povos e reinos vindos do norte de África, com um islamismo diferente”, tendo Geraldo, que “não estava nas boas graças de D. Afonso Henriques, porque tinha uma quadrilha de malfeitores que assaltava e fazia razias, decidido conquistar Yabura para a entregar ao rei”.

 

Na ópera, a trama inclui “uma festa realizada no palácio”, à qual Geraldo consegue aceder, e “o rapto de Samira”, que acaba por se apaixonar por ele, levantou o véu o compositor, convidando o público de Évora a assistir ao espetáculo, cuja história “se acaba por complicar”. A produção, realçou, vai ter “cerca de 100 pessoas” distribuídas pelos três palcos montados para o espetáculo, incluindo “uma orquestra de 20 músicos, o Coro da Eborae Mvsica, bailarinos da CDCE, grupo de instrumentistas e cantores árabes.

 

Marco Alves dos Santos (Geraldo), Natasa Sibalic (Samira) e ainda Miguel Maduro Dias, Luís Rendas Pereira, Juliana Mauger e Manuel Gamito são os cantores líricos participantes na ópera, na qual estão envolvidos ainda, como figurantes, “habitantes da cidade, desde crianças dos 11 ou 12 anos até homens e mulheres de mais de 70 anos”, indicou o compositor.

 

“Fico comovido porque quando se escreve a música não se pensa como é que depois ela vai ser posta em ação, no palco, mas é uma produção impressionante visualmente e uma oportunidade para as pessoas deixarem de ter medo da palavra ópera, imaginarem se foi ou não assim, se podia ter sido assim e ouvirem falar e cantar de coisas bonitas que têm a ver com o amor, a dedicação, a esperança, o passado e o futuro”, argumentou, em jeito de convite.

Comentários