Diário do Alentejo

Acidentes provocam mais mortos nas estradas

15 de julho 2019 - 12:40

No primeiro semestre de 2019 o número de acidentes nas estradas do distrito de Beja diminuiu, mas as vítimas mortais e os feridos com gravidade aumentaram. A falta de patrulhamento da GNR, a incúria dos condutores e o estado das estradas são as causas apontadas para esta trágica realidade.

 

Texto Aníbal Fernandes

 

Entre o início de janeiro e o dia 30 de junho morreram nas estradas do distrito de Beja 15 pessoas, em resultado de 995 acidentes, um rácio cinco vezes superior ao apurado a nível nacional (224/63 058). Estes números vêm confirmar a tendência de aumento de vítimas mortais verificada em Beja nos últimos anos e divulgada nesta semana pela Autoridade Nacional para a Segurança Rodoviária (ANSR): seis em 2016; nove em 2017; e 11 em 2018. Quanto aos feridos graves apurados no primeiro semestre do ano, depois de um recuo em 2018 (26) face aos anos anteriores (39 em 2016 e 44 em 2017), a cifra voltou a subir em 2019 (33).

 

A informação disponibilizada pela ANSR, no que diz respeito às vítimas resultantes dos acidentes após 30 dias, revela que no distrito de Beja, entre janeiro e setembro de 2018, se registaram 23 vítimas mortais, o que compara com as 14 verificadas no período homólogo de 2017. Entre 1 de julho de 2017 e 30 de junho de 2018 registaram-se 23 mortos e 78 feridos graves, números que subiram, respetivamente, para 27 e 78, no período entre 1 de julho de 2018 e 30 de junho de 2019.

 

A informação disponibilizada pela ANSR, no que diz respeito às vítimas resultantes dos acidentes após 30 dias, revela que no distrito de Beja, entre janeiro e setembro de 2018, se registaram 23 vítimas mortais, o que compara com as 14 verificadas no período homólogo de 2017. Entre 1 de julho de 2017 e 30 de junho de 2018 registaram-se 23 mortos e 78 feridos graves, números que subiram, respetivamente, para 27 e 78, no período entre 1 de julho de 2018 e 30 de junho de 2019. Perante este cenário, José Alho, presidente da assembleia-geral da Associação Socioprofissional Independente da Guarda (Aspig), diz-se “sem palavras”. “Há muitos anos que ando a alertar o Ministério da Administração Interna (MAI) e o comando da Guarda Nacional Republicana (GNR) para esta situação”, diz José Alho, que fez a sua carreira na Brigada de Trânsito desta força militarizada.

 

Uma das causas apontadas pelo antigo militar para o aumento da sinistralidade tem a ver com a ausência de patrulhamento que resulta da falta de efetivos da guarda. “Muitas vezes, exceto na A2, não há patrulha de trânsito no maior distrito de País”, denuncia o dirigente sindical. E o cenário pode ainda ficar pior, avisa José Alho: “Nos anos 80 do século passado os alistamentos eram aos milhares. Agora abrem-se concursos e sobram vagas. Com a chegada à reforma dessa geração o problema tende a agudizar-se”.

 

Para José Alho, esta situação resulta da dificuldade em recrutar pessoal para a Brigada de Trânsito, uma vez que os complementos salariais oferecidos neste serviço ficam aquém daqueles que são pagos em outras valências que a GNR também assegura, e que chegam a representar 200 euros mensais a mais em salários que rondam os 800 euros.

Também Adérito Araújo, fundador da GARE – Associação para a Promoção de uma Cultura de Segurança Rodoviária, considera que “a GNR é extraordinária no serviço que presta, mas precisa de mais efetivos”. “Enquanto não forem tomadas medidas a sério isto vai continuar”, desabafa Adérito Araújo, criticando o facto de a Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária ter sido aprovada, mas as medidas aí previstas não terem sido aplicadas. Para este ativista, esta é uma “guerra” que tem de começar a ser travada no 1.º ciclo do ensino básico, incluindo no programa as noções de segurança rodoviária. Até porque as causas principais da sinistralidade continuam a ser a velocidade, o álcool e as ultrapassagens, tudo comportamentos que dependem exclusivamente dos condutores.

 

Ponto negro em OuriqueO concelho de Ourique é o ponto negro do distrito. O IC1 é a estrada que regista um número elevado de vítimas mortais. Mário Batista, comandante dos Bombeiros Voluntários de Ourique, confirma que o número de acidentes baixou, mas as vítimas mortais e os feridos graves aumentaram: “Em maio, no mesmo dia, de dois acidentes resultaram três mortos”, revela.Este operacional, que aponta a zona entre Aldeia de Palheiros e a entrada no distrito de Faro como “a mais problemática”, verifica ainda que “quando existe um fluxo de tráfego constante os acidentes diminuem”, aumentando quando “existe menos trânsito” e os condutores abusam da velocidade na condução.

Marcelo Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de Ourique, diz que esta problemática é acompanhada pelo município ao nível da Proteção Civil. O autarca relembra que o território do seu concelho “é atravessado pelo IC1, pela autoestrada e pelas estradas nacionais 123 e 389”, que fazem a ligação ao litoral, e que “historicamente apresentam números elevados de acidentes”. No entanto, o estado de conservação das vias “está em estado razoável”, mas “o traçado sinuoso das vias a juntar à imprudência dos condutores leva a estes registos trágicos”, lamenta.

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