Diário do Alentejo

Portalegre: “Inação” da Câmara leva vereador a demitir-se

10 de julho 2019 - 17:00

O vereador do PSD na Câmara de Portalegre, Armando Varela, renunciou aos pelouros que lhe estavam atribuídos, deixando o movimento independente que lidera a autarquia sem maioria no executivo municipal. Na sequência das autárquicas de 2017, em que a Candidatura Livre e Independente por Portalegre (CLIP) perdeu a maioria absoluta com que governava no anterior mandato, o executivo municipal ficou composto por três eleitos do movimento independente, dois do PS, um da CDU e um do PSD.

 

Para garantir uma gestão maioritária, a CLIP celebrou acordos com os vereadores do PSD e da CDU, a quem atribuiu pelouros, tendo, depois, o vereador comunista renunciado aos pelouros em outubro de 2018. Na carta em que renuncia aos pelouros, enviada à presidente da Câmara de Portalegre, Adelaide Teixeira, e a que a agência Lusa teve acesso, Armando Varela justifica a sua decisão alegando tratar-se de uma “questão ética” e de “consciência”.

 

A decisão, segundo o autarca social-democrata que detinha os pelouros da Energia, Saúde, Turismo, Defesa do Consumidor e o Mercado Municipal, está relacionada com a gestão da Fundação Robinson, onde ocupava um cargo na administração em representação do município. “A inação da Câmara Municipal de Portalegre relativamente à Fundação Robinson, de que é o principal proprietário, é para mim inexplicável. Este é o principal motivo que me levou a apresentar a minha demissão da administração desta fundação”, lê-se na carta.

 

Armando Varela recorda que a recente demissão do presidente e de um vogal da fundação colocaram a administração “numa situação de falta de quórum” e na “impossibilidade" de tomar quaisquer decisões e que deu conhecimento da situação, na altura, à presidente da câmara.

 

O autarca do PSD alegou ter ficado surpreendido com a “ausência de reação” da presidente da câmara em relação à situação da Fundação Robinson. “Compreendi então que não podia representar quem não queria ser representado, porque não decidia”, escreveu Armando Varela. Quanto à gestão da Fundação Robinson, o autarca social-democrata reporta que no exercício das suas funções de vogal do conselho de administração detetou situações “aparentemente muito irregulares”, entre os períodos de 18 de março de 2010 e 10 de maio de 2018.

 

Armando Varela renunciou também aos cargos de vogal do conselho de administração dos Serviços Municipalizados de Águas e Transportes de Portalegre e de diretor da Areanatejo, assumindo o estatuto de vereador municipal, eleito pelo PSD, “na oposição”.

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