Diário do Alentejo

CDS-PP quer medidas para defesa do montado

28 de junho 2019 - 14:45
DRDR

O grupo parlamentar do CDS-PP quer que a Assembleia da República recomende ao Governo que abra, durante este ano, um concurso específico do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR2020) para as medidas referentes à “proteção da floresta contra agentes bióticos e abióticos” e à “melhoria da resiliência e do valor ambiental das florestas direcionado às regiões do sul do País, tipicamente de montado”; que na definição do próximo quadro comunitário de apoio “seja tida em conta a especificidade dos montados de sobro e azinho, e os seus impactos positivos na biodiversidade, determinando-se medidas que promovam a expansão da área de montado e o restauro de manchas degradadas; e que “incentive o investimento em investigação e inovação tecnológica associada ao sistema agroflorestal do montado, nomeadamente, na adaptação e mitigação das alterações climáticas, tirando partido do existente Observatório do Sobreiro e da Cortiça”.

Em comunicado de imprensa enviado do “Diário do Alentejo”, o CDS-PP diz que “os graves incêndios que assolaram o País nos últimos anos, em particular os de 2017, levaram a que o foco das políticas públicas tenha estado mais direcionado para a floresta de produção lenhosa, tendo deixado a floresta multifuncional do sul sem particular atenção”.

Todavia, adianta, “esta floresta do sul de Portugal – Alentejo, parte do Ribatejo e Algarve –, maioritariamente montado, ocupa um terço do território nacional e alberga 72 por cento dos sobreiros e 92 por cento das azinheiras do País”.

O grupo parlamentar do CDS-PP considera que “a floresta de montado, multifuncional, representa um verdadeiro tampão natural ao avanço da desertificação dos solos mas é, neste momento, um ecossistema em risco”. “Não estando imune às alterações climáticas, os anos sucessivos de seca têm-se traduzido num enorme enfraquecimento das árvores, tornando-as mais suscetíveis a pragas e doenças”, referem ainda.

Segundo ainda refere o comunicado do CDS-PP, “o montado de sobro e de azinho presta um incalculável serviço ao ambiente através da fixação de carbono, sendo que o fator económico e social não é despiciendo”, e “a cortiça, só por si, contribui anualmente com 600 milhões de euros para o saldo da balança de pagamentos de Portugal, faltando mensurar o impacto nas nossas exportações de uma série de outras atividades que dependem do montado como, a título de exemplo, a produção de porco alentejano (exportado em 90 por cento para Espanha)”.

E lembra que, em 2015, durante a apresentação da Agenda Portuguesa de Investigação no Sobreiro e na Cortiça (Agenda 3i9), o presidente da União da Floresta Mediterrânica (UNAC) afirmou que “cerca de um quinto da área de montado de sobro está em declínio e que, à data, estavam 737 000 hectares em produção, dos quais 20 por cento eram montados com muita idade e que estão a perder a sua capacidade produtiva, sendo este envelhecimento mais acentuado nas zonas de serra, como no Algarve e Portel (Alentejo)”.

Assi, afirma o CDS-PP, “a ameaça climática no Alentejo é real” e urgem, por isso, “medidas de mitigação e adaptação a esta nova realidade, travando o mais possível a desertificação do País”. “Sendo que estamos a falar de cerca de um terço do território de Portugal continental, esta matéria deve ser tida como prioritária e estratégica para o futuro”, conclui.

 

 

Comentários