Texto Carlos Lopes Pereira
A Associação de Criadores de Porco Alentejano (ACPA) e os criadores estão “muito preocupados” com a presença da peste suína africana (PSA) na Bélgica e em outros países europeus. Nuno Faustino, presidente da associação, com sede em Ourique, considera que “a eventual presença da PSA em Portugal significaria a ruína da suinicultura nacional e sobretudo do porco alentejano”.
Na região, “seria uma catástrofe para o porco alentejano, sobretudo para o porco alentejano de montanheira, pois muito provavelmente uma das possíveis medidas de biossegurança seria o confinamento dos animais e a proibição de pastorearem livremente no campo, bem como a proibição de exportar animais”. Com o porco alentejano maioritariamente vendido para Espanha e proibida a exportação, “seria a ruína do setor”. Calcula-se que, no Alentejo, existam cerca de 35 mil porcos de montanheira.
Também Jacinto Amaro, presidente da Federação Portuguesa de Caça (Fencaça), acha que “se a PSA entrasse em Portugal” seria “uma catástrofe” para a economia, numa altura em que “a fileira do porco ibérico está numa fase de expansão, a exportar para diversos países”. Explica ele que há sete ou oito países da União Europeia afetados pela PSA, sendo a Bélgica o que está geograficamente mais perto de Portugal. “Ali, foram tomadas medidas e, inclusivamente, em relação à Valónia, a zona mais atingida, as autoridades belgas, mas também as da França e da Suíça, construíram vedações para tentar evitar a circulação de javalis infetados”.
Jacinto Amaro confirma que o maior risco de contágio da PSA a suínos selvagens e domésticos é através dos javalis. A Bulgária e a Roménia, também afetadas, “são autênticos paraísos de javalis” e há muitos caçadores portugueses que vão a esses e outros países europeus caçar. Defende dois tipos e medidas preventivas: por um lado, travando a entrada da PSA no território (controlando camiões de transporte de mercadorias, viaturas que passaram por regiões afetadas, caçadores de regresso, a importação de enchidos); e, por outro, reduzindo ao mínimo a população de javalis.
O Governo apresentou, entretanto, um plano de prevenção contra a PSA, que engloba medidas para impedir o risco de entrada da doença no País, e anunciou a preparação de um plano de contingência. O risco de introdução da peste está associado a fatores como a entrada de suínos domésticos e selvagens infetados, de produtos e troféus de caça contaminados, bem como o contacto com alimentos ou outros materiais contaminados, de que são exemplo viaturas, vestuário e equipamentos.
As medidas preventivas passam pela comunicação e sensibilização, reforço da biossegurança, da vigilância e da deteção precoce, pela redução das populações de javalis e pelo incremento dos controlos oficiais. A preparação do plano de contingência contempla o reforço da preparação de serviços e peritos para responderem de imediato em caso da deteção da PSA.