Diário do Alentejo

Alentejo Vivo quer debater culturas intensivas na região

04 de junho 2019 - 07:00
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Novo movimento alentejano defende “implementação de legislação e regras adequadas aos impactes dos projetos de agricultura intensiva” e a “necessidade de uma fiscalização mais eficaz”.

 

Alentejo Vivo é o nome de um novo movimento lançado recentemente por um “conjunto de cidadãos” que defende “a promoção de uma agricultura sustentável que respeite o ambiente, o património, a saúde pública e a qualidade de vida dos cidadãos desta região”. O movimento defende ainda a “implementação de legislação e regras adequadas aos impactes dos projetos de agricultura intensiva” e a “necessidade de uma fiscalização mais eficaz às atividades agrícolas por parte das entidades responsáveis”.

Em declarações ao “Diário do Alentejo”, José Paulo Martins, representante da associação Zero na comissão coordenadora do movimento, explica que “nos últimos meses um grupo de cidadãos tem constatado uma série de situações que são ilegais ou que têm impactos no ambiente, na saúde das pessoas e na biodiversidade”.

Para além da Zero, o Movimento Alentejo Vivo integra a Associação Ambiental Amigos das Fortes (concelho de Ferreira do Alentejo), “um grupo informal” das Eco Comunidades na Planície e pessoas a título individual, estando “aberto a todos os que comungam destas preocupações”.

O movimento salienta, em manifesto enviado à comunicação social, que quer “lançar o debate em torno de diversas questões associadas à instalação de mais de 200 000 hectares de culturas intensivas, onde sobressai neste momento o olival intensivo e superintensivo, de modo a se acautelarem os impactes que começam já a ser manifestos, na conservação do solo, na qualidade da água superficial e subterrânea, na saúde humana, na perda de biodiversidade, na afetação de património arqueológico e histórico, e de algum modo também na perda de uma certa identidade regional”.

Refere ainda que não nega “que a instalação deste sistema levou ao incremento da rentabilidade económica direta das explorações agrícolas”. Mas, diz, “o aumento da rentabilidade das explorações não se pode fazer a qualquer custo, esquecendo os múltiplos impactes que decorrem deste modelo intensivo de exploração”.

Os signatários do manifesto dizem ainda “que o regime de licenciamento é insuficiente e incapaz de condicionar os impactes, a fiscalização é ineficaz e os planos diretores municipais não estabelecem ou são pouco exigentes na definição de medidas que mitiguem os impactes na saúde das populações que se vêm confrontadas com a instalação deste tipo de culturas e com a aplicação constante de pesticidas na periferia das povoações”.

O Movimento Alentejo Vivo pretende desenvolver um conjunto de ações a nível regional e nacional, que passam “pelo debate em torno destas questões, denúncia de irregularidades e realização de ações públicas diversas com o objetivo de alertar as consciências e obrigar o poder político a agir com o objetivo último de defender o ambiente, defender a saúde das populações e garantir a qualidade de vida das comunidades locais”.

“É tempo de começar a debater e de haver alguma pressão. Se não houver, não haverá mudança, porque as coisas estão em andamento no terreno, é tudo muito rápido”, conclui José Paulo Martins.

 

 

 

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