Diário do Alentejo

Patrícia Guimarães, vencedora do Prémio Geraldes Lino

02 de junho 2019 - 08:00

Texto José Serrano

 

Patrícia Guimarães foi galardoada com o Prémio Geraldes Lino 2019 atribuído pela Bedeteca de Beja. Um prémio que possibilita a publicação de uma ou várias histórias da autora num número da “Coleção Toupeira”, bem como a realização de uma exposição individual no XV Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, a decorrer até 16 de junho. A sessão de entrega do prémio realizou-se sábado, dia 1 de junho,  na Casa da Cultura, em Beja.

 

É licenciada em Arte e Multimédia-Animação, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, onde também frequentou o curso Laboratório de Ilustração e Banda Desenhada. Em 2015 e 2016 publicou com a Façam Fanzines e Cuspam Martelos as bandas desenhadas “Stabat mater” e “Manuelinútil”. Em 2017, colaborou com o Teatro da Rainha na criação gráfica dos materiais de divulgação das peças. Em 2018, integrou a antologia de BD Nódoa Negra, editada pela Chili com Carne. No âmbito do cinema de animação, de 2014 até ao momento, trabalhou com as produtoras MODOImago, Animanostra, e Animais Avpl.

 

Qual o sentimento com que acolheu esta distinção?

Foi com muita alegria e surpresa que recebi a notícia. Este prémio tem vindo a dar destaque a uma série de autores de BD, tê-lo agora recebido, e ser ainda nomeada pelo próprio Geraldes Lino [reconhecido impulsionador e divulgador da banda desenhada em Portugal, falecido no passado mês de fevereiro], em vida, foi uma grande honra. Só posso estar grata, primeiro ao Geraldes Lino, que sempre demonstrou o seu apoio, e, por fim, ao Paulo Monteiro e à Susa Monteiro, organizadores do festival, que me lançaram o convite.

 

Já lhe ocorreu inserir personagens ou ambientes do Alentejo em alguma das suas bandas desenhadas?

A minha primeira banda desenhada, “Stabat mater”, foi pensada e desenvolvida tendo o Alentejo como cenário. A ideia surgiu pouco tempo depois de uma visita a Portel, com amigos, a casa de um senhor que me falou de porcos e de como eles eram castrados para mais facilmente engordar. Focavam-se apenas em comer.

 

Qual a vantagem de continuarmos a “acreditar” que a poção mágica possibilita uma força sobrenatural a Astérix ou que Calvin dialoga, de facto, com Hobbes?

Penso que existem muitas vantagens, entre elas a liberdade de poder inverter a realidade, sem limites ou preconceitos, de se ser o outro, muitos outros. A de nos fazer refletir, descobrir, inventar, questionar e, acima de tudo crescer, humanizarmo-nos, tocar o outro. Por isso a cultura é tão importante. A vantagem de qualquer artista visual, seja ele um artista plástico, um realizador de cinema, ou um autor de banda desenhada, é poder pensar a palavra, a imagem e os seus intervalos, o som e o silêncio. Construir o seu universo em película, na tela ou no papel. 

 

O facto de este prémio lhe permitir a realização de uma exposição individual durante o Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja beneficiará o seu trabalho?

Sem dúvida. É uma oportunidade para crescer e desenvolver o que tenho feito até aqui. Vou desenhar e escrever mais, experimentar e testar novas abordagens e técnicas. O destaque que será dado ao meu trabalho nesta edição do festival é, sem dúvida, um dos privilégios do prémio Geraldes Lino.

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