Diário do Alentejo

Arcebispo de Évora preocupado com desertificação

29 de maio 2019 - 19:00

O arcebispo de Évora, Francisco Senra Coelho, alertou para as consequências da desertificação e do envelhecimento populacional no Alentejo, temendo pelo futuro de muitas aldeias, freguesias e até de pequenas vilas da região. "Quem chega de fora vê as comunidades mais reduzidas e muitas escolas do ensino básico encerraram e preocupa-me muito a continuidade de muitas aldeias, freguesias e até de pequenas vilas, que pode estar comprometida", afirmou.

 

O prelado alentejano falava aos jornalistas durante uma conferência de imprensa que serviu para apresentar a mensagem do Papa Francisco para o 53.ª Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se assinala no domingo. "Há problemas que vi acrescidos, como o envelhecimento da população, e senti a desertificação", disse, prevendo que algumas localidades "daqui a algum tempo não vão ter só falta de crianças, como já se sente nos infantários, creches e berçários".

 

"Vão começar também a sentir falta de idosos nos centros de dia, apoios domiciliários e lares, porque pressinto que, em alguns sítios, as listas de espera dos idosos para os lares já estão a diminuir", acrescentou, identificando "um problema novo" na região: "algumas instituições já têm dificuldades de recrutamento de funcionários", nomeadamente na área do distrito de Portalegre.

"Há localidades, por exemplo Assumar [concelho de Monforte] e Galveias [concelho de Ponte de Sor], onde se prevê que vai ser mais difícil para as instituições, como fundações, santas casas e centros sociais paroquiais, encontrar funcionários", advertiu

No encontro com jornalistas, Senra Coelho revelou que a Arquidiocese de Évora vai criar uma comissão para lidar com eventuais casos de abuso sexual de menores, indicando que esta deverá estar constituída no "fim de junho ou princípio de julho".

 

"Nunca tivemos uma entrada de acusação ou denúncia desse problema na nossa diocese", notou, sublinhando que "se surgir algum problema" serão "imediatamente" contactadas as autoridades policiais e judiciais.

 

Questionado sobre os motivos da elevada abstenção nas eleições europeias de domingo, o prelado alentejano, entre outras considerações, defendeu que "é um ato político também o não votar". "Pode, em alguns casos, não ser uma omissão, um comodismo, um desinteresse e pode ser um sinal que se dá de que não vale a pena assim e convinha que os políticos lessem com maturidade e responsabilidade o que isto quer dizer", argumentou.

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