A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), numa audição realizada hoje no parlamento, acusou o Governo de não tomar medidas de urgência imediata contra a seca e alertou para a necessidade de um aumento da capacidade de armazenamento de água. "Lamentamos a ilusão de que a chuva de abril ia colmatar uma má primavera. A chuva de abril foi insuficiente", afirmou o presidente da CAP, Eduardo Oliveira e Sousa, numa audição conjunta no parlamento de diversas entidades, a requerimento do PSD e do PCP, sobre medidas a tomar no âmbito da seca de 2019 no setor agrícola.
A confederação disse ainda que "a seca tem medidas de urgência imediata que não foram tomadas", e que foram pedidas pela CAP ao Governo, no início de abril, para fazer face as situações de maior emergência. "Durante o inverno seco, interrompido por chuva em abril, foi solicitado autorização de pastoreio nas áreas de pousio obrigatório. Era uma medida que devia ter sido atempadamente tomada pelo ministério", especificou o presidente da CPA.
Em situação de seca, a CAP defende alterações no período de retenção dos animais nos campos, que defende que Bruxelas não se recusaria a autorizar, e autorização atempada para transvases do Alqueva para as barragens, uma medida que Eduardo Oliveira e Sousa disse não ser tomada por causa do preço da transferência da água do Alqueva para outras bacias.
"É necessário que o país se prepare para uma nova realidade e aumente a capacidade de armazenamento", defendeu a confederação, salientando que a desertificação, que "é um fenómeno em curso e fruto das alterações climáticas", vai ser "um desastre” e deviam merecer ajudas financeiras para as pessoas que vivem ainda nessas zonas desertificadas não abandonarem o território.