Diário do Alentejo

Alojamento Local em Beja sobe sete vezes em três anos

17 de maio 2019 - 16:00
Portas de Mértola, em Beja. Foto: Ana CordeiroPortas de Mértola, em Beja. Foto: Ana Cordeiro

Texto Aníbal Fernandes

 

Em 2016 foram licenciados, no concelho de Beja, quatro equipamentos de alojamento local com um total de 24 camas. No ano seguinte esse número quase duplicou (45 camas), o mesmo acontecendo em 2018 (91 camas). No final do ano passado a oferta totalizava 160 camas, distribuídas por 20 estabelecimentos desta tipologia. 

 

No entanto, quer os operadores com quem o “Diário do Alentejo” contactou, quer a vereadora da Câmara Municipal de Beja, Marisa Saturnino, são da opinião de que há espaço para crescer. 

 

O aumento exponencial que se verificou neste segmento de mercado em Beja não é caso único. A autarca explica que “o setor do turismo, no Alentejo, foi o que mais cresceu a nível nacional, inclusivamente, nas épocas baixas devido à criação de uma oferta de produtos alternativos que vendem todo o ano, como é o caso da gastronomia, turismo de natureza e aventura”. 

 

Marisa Saturnino diz que “a visão estratégica do município para esta área é ainda mais abrangente” e refere que existe por parte do atual executivo camarário uma forte aposta no “turismo inclusivo”, com “a implementação de percursos acessíveis, nova sinalética e requalificação e adaptação de equipamentos”.

 

Daí a importância do alojamento local para o concelho, já que “para se responder com qualidade e eficazmente à procura, temos, obrigatoriamente, que ter maior capacidade de resposta, o que implica o aumento do número de camas”, diz a vereadora responsável pelo pelouro do turismo e património.

 

Aliás, o aparecimento deste tipo de exploração residencial contribui para a recuperação e valorização do centro histórico. 

“No caso de Beja, existe a preocupação com um número significativo de prédios devolutos, que, se forem adquiridos e posteriormente requalificados, contribuirão para uma maior valorização da cidade e para a dinamização do seu centro histórico”, diz a vereadora.

Quando uma porta se fecha, abre-se uma janela. Em 2014, no rescaldo da crise que assolou as economias europeias, em geral, e a portuguesa, em particular, António Freire aproveitou a conjuntura desfavorável que levou ao encerramento de vários negócios e no edifício, à altura devoluto, onde em tempos funcionou a Pensão Tomaz, e, posteriormente, o ateliê de António Inverno, e abriu o primeiro hostel de Beja. 

 

Desde o início que “a procura tem aumentado”, diz. “Houve uma quebra nos clientes ingleses por causa do Brexit, mas foi compensada com a vinda de franceses, italianos e alemães”, explica o empresário.

 

No entanto, António Freire diz que ainda há muito a fazer para transformar Beja num verdadeiro destino turístico e para que os turistas fiquem mais do que uma noite na cidade. “A recuperação do templo romano e da Casa da Moeda, com um centro interpretativo, bem como uma melhor oferta do museu”, seriam bem-vindos, bem como a melhoria das acessibilidades rodoviárias e ferroviárias, sendo que, neste caso, “a ligação à Funcheira e ao Algarve aparecem como incontornáveis”. 

 

Mesmo assim, António Freire confia no futuro e vai investir em mais dois espaços de alojamento local. O hostel também apresenta novidades, nomeadamente, com a abertura do espaço para almoços e jantares para grupos e a promoção de jantares temáticos.

 

Elídio Matos é o dono do monte Corte Ligeira, em Cabeça Gorda, uma unidade de agroturismo com oito quartos e dois apartamentos. 

 

Desde 2001, ano em que iniciou a atividade, a procura tem aumentado, com a ressalva dos tempos da Troika em que se notou alguma retração, no entanto, “nos últimos dois anos tem aumentado muito”, diz o empresário que tem na agricultura a sua atividade principal. 

 

A oferta é abrangente, inclui caça, mas também passeios de BTT ou caminhadas, observação de aves, festas e outras atividades ligadas ao campo e à natureza. 

 

Elídio Matos vê o futuro com otimismo: “A nossa região está agora a ser descoberta. Quanto mais oferta houver melhor, ainda estamos no início, há muito para crescer”, afirma.

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