O Ministério da Saúde garante que a “monitorização” do acordo firmado com o Hospital de S. Paulo, em Serpa, “foi reforçada nos últimos meses”, mas não equaciona a denúncia do acordo. Comissão de utentes diz que reuniões com a provedora da Santa Casa da Misericórdia e grupo parlamentar do PS “não trouxeram nada de novo”.
Texto Aníbal Fernandes
A comissão de utentes do hospital de Serpa mantém a luta para que aquele equipamento de saúde recupere as valências que em tempos já teve. Na última semana, numa reunião com representantes do Grupo Parlamentar do PS, com a participação de Susana Correia e Nelson Brito, sensibilizaram os socialistas para a sua causa e Duarte Lobo, um dos membros da comissão, disse ao “Diário do Alentejo” que os deputados “mostraram compreensão pelas nossas razões”.
No entanto, considera o ativista serpense, “nada de novo saiu da reunião”, para lá do empenho dos deputados socialistas em apoiar uma reunião dos utentes com a Comissão Parlamentar de Saúde, numa ocasião a agendar.
Também na sexta-feira passada, a comissão de utentes reuniu-se com a recém-eleita provedora da Santa Casa da Misericórdia de Serpa (SCMS) a pedido da mesma.
O encontro, de acordo com Duarte Lobo, apenas serviu para Maria Isabel Estevens “pedir tempo para se pôr a par dos dossiês”, o que causou alguma estranheza nos seus interlocutores, uma vez que a agora provedora “já fazia parte da direção cessante”.
Os utentes reclamam a reposição dos serviços “que já tiveram” quando o hospital estava integrado na Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo, nomeadamente, consultas externas – “inexistentes há quase um ano” – e um serviço de urgências 24 horas por dia.
O “Diário do Alentejo” questionou o Ministério da Saúde que disse que, em conjunto com Administração Regional de Saúde do Alentejo, “tem acompanhado a instituição no âmbito do acordo de cooperação para prestação de cuidados firmado em 2014 com a Santa Casa da Misericórdia de Serpa e objeto de revisão em 2018, com vista à adoção de intervenções que assegurem a resposta à população e promovam a sustentabilidade da instituição”.
O ministério garantiu ainda que a monitorização do protocolo “foi reforçada nos últimos meses, está previsto para 2023 o alargamento das valências disponíveis, nomeadamente, na área cirúrgica, meios complementares de diagnóstico e consultas de especialidade, em articulação com as unidades do SNS na região, em particular a Ulsba e o hospital de Évora.
O gabinete do ministro destacou também “o investimento no novo bloco cirúrgico, que permitirá a retoma de atividade cirúrgica em Serpa ao fim de praticamente 20 anos”, notícia avançada pelo nosso jornal há duas semanas, e cujo “aviso com vista ao financiamento da obra no âmbito do POA (Programa Operacional do Alentejo), no valor de cinco milhões de euros”, já foi publicado.
O Ministério da Saúde conclui que “a situação é monitorizada em permanência, não estando a ser equacionada neste momento a denúncia deste acordo, o que reduziria a acessibilidade aos cuidados de saúde da população desta região”.
A comissão de utentes diz que não é a unidade médico-cirúrgica que vai “resolver os problemas”, exige acesso aos relatórios da monitorização e reclama a reintegração do hospital no SNS.