Diário do Alentejo

Amigos dos Bombeiros Voluntários de Beja angariam 44 000 euros para reparar autoescada

06 de janeiro 2023 - 10:30
Prevê-se que o equipamento esteja novamente a funcionar no final deste mês
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O grupo de cidadão “Amigos dos Bombeiros Voluntários de Beja”, criado para conseguir obter os donativos necessários à reparação do único veículo escada existente nas várias corporações de bombeiros do distrito de Beja, angariou 44 000 mil euros. Verba que, em conjunto com as disponibilizadas pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e pela Câmara Municipal de Beja, permitirá o arranjo do equipamento. Fernando Palma e Florival Baiôa mostram-se agradados com este desfecho, lamentando, no entanto, a ausência de articulação, entre as autarquias do território, para a resolução deste problema.

 

Texto José Serrano

 

Constituído por Luís Palma, Fernando Palma, Manuel Conceição, Bruno Ferreira e Florival Baiôa, o grupo “Amigos dos Bombeiros Voluntários de Beja”, criado com o objetivo de angariar fundos para a reparação do veículo escada 30 (VE30), no verão de 2022, após aquela corporação ter manifestado dificuldade em conseguir o montante necessário ao arranjo da única autoescada do distrito, revelou, em nota de imprensa, a conclusão do intuito pretendido.

 

Assim, o comunicado torna pública a informação de que a verba final depositada na conta criada, especificamente, para tal fim, resultante das várias doações de cidadãos e de empresas, é de 44 000 euros.

 

Desta verba, refere a nota, “15 000 euros vão ser aplicados na reparação do VE30 (que se prevê estar arranjado no final deste mês), que se juntam aos 30 000 euros disponibilizados pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e aos 10 000 euros que a Câmara Municipal de Beja já fez entrega à corporação, como subsídio extraordinário”.

 

Os restantes 29 000 euros angariados vão sair da conta criada “para o pagamento da aquisição e adaptação de um veículo ligeiro 4x4” destinado ao Comando dos Bombeiros de Beja, “substituindo um jeep que está ao serviço da corporação desde 1999”.

 

Fernando Palma regozija-se com este resultado, referindo que o grupo cívico do qual faz parte organizou-se pela razão de “as entidades oficiais estarem dormindo, não havendo ninguém que ajudasse a reparar a escada”. Sublinha, contudo, a dificuldade em angariar fundos: “Não foram dados de mão beijada – houve alguns donativos, mas tivemos de andar a pedir de porta em porta, nas empresas, diretamente, e nem todas contribuíram”.

 

Relativamente à quase total ausência de contributo monetário dos municípios da região, à exceção do de Beja, para a resolução deste problema, Fernando Palma considera: “A escada está ao serviço da proteção civil do distrito e se houver a necessidade de utilização deste equipamento, em qualquer dos concelhos, a escada vai lá. Por isso, penso eu, todos deveriam ter contribuído, mas a Cimbal [Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo] diz que não tinha nada que dar…”.

 

Também Florival Baiôa, ainda que rejubilado com este desfecho – “É uma sensação amargo/doce” – revela a sua admiração perante a ausência de “uma colaboração mais efetiva, e afetiva, também, das várias autarquias do distrito”, devendo todas estas, diz, terem comparticipado economicamente, “segundo critérios demográficos ou territoriais, como bem entendessem, em algo que é útil para todos, um instrumento de apoio aos bombeiros, único no território”.

 

Neste âmbito, o historiador acentua a necessidade de as câmaras pertencentes à Cimbal “estarem mais unidas na resolução dos problemas do território, contribuindo para a qualidade de vida das populações, para o aumento dos seus índices de felicidade – e isto, nós, não temos visto”.

 

Desta forma, Florival Baiôa lamenta, neste processo, “a pouca participação das autarquias e o desvincular do pensamento regionalista do Baixo Alentejo, que se deve manter – se não houver união entre as várias instituições autárquicas da região não podemos ter desenvolvimento, é impossível vir a atingi-lo se cada uma das autarquias começar a sapatear uma dança louca para o desenvolvimento de um só concelho. A desunião das várias autarquias é um erro de estratégia, de pensamento, que redundará, sempre, no falhanço completo do desenvolvimento que se pretende”.

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