Diário do Alentejo

Pita Ameixa contra nova proposta de ligação de Sines à A2

13 de agosto 2022 - 09:30
Câmara de Ferreira do Alentejo solicita à IP que resolva “ponto negro rodoviário” na saída da A26, na Malhada Velha
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O final da A26, na Malhada Velha, é um local onde têm tido lugar um “elevado número de acidentes”. A Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo identificou o problema e solicitou à Infraestruturas de Portugal que o resolvesse. Luís Pita Ameixa, presidente do município, diz que se o IP8 tivesse sido concluído, como era previsto, esta situação não existiria e critica a intenção de ligar Sines à A2 através do Nó de Grândola Norte, ao contrário do que estava planeado. 

 

Texto Aníbal Fernandes 

 

A Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo diz que a rotunda à saída da autoestrada A26,  na Malhada Velha, é um “ponto negro rodoviário”, onde já aconteceram um “elevado número de acidentes”, e pediu à Infraestruturas de Portugal (IP) que resolvesse o problema. O assunto foi um dos temas do recente Conselho Municipal de Segurança que decidiu, através do Serviço Municipal de Proteção Civil, pedir à IP que realize “a competente avaliação técnica” e “intervenção que resolva” esta questão.

 

Luís Pita Ameixa, presidente da autarquia, disse ao “Diário do Alentejo” que se o projeto do IP8 tivesse sido concluído, este problema não se colocaria. “O que deveria ter sido feito e está previsto no Plano Rodoviário Nacional (PRN) – e é lei – era o IP8”.

 

O autarca lembra que inicialmente o objetivo era a construçãode itinerários principais longitudinais para ligar “portos, aeroportos e fronteiras” e que em todo o país este é “o único que não foi concluído”. Mais tarde veio a definir- se que a ligação de Sines a Vila Verde de Ficalho seria em perfil de autoestrada, mas o que está feito são apenas dois troços: entre Sines e Santiago do Cacém e entre o Nó de Grândola Sul, na A2, e a malhada Velha. “Terminou tudo de uma forma atabalhoada”, critica Pita Ameixa. 

 

O presidente da Câmara de Ferreira do Alentejo diz que, agora, o que está previsto é a requalificação da Estrada Nacional 259, entre Santa Margarida do Sado e Ferreira e a EN121, entre Ferreira e Beja, ao abrigo de “uma exceção, do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Estas intervenções “encontram- se em fase de projeto e prevê-se a construção de variantes a Figueira de Cavaleiros e Beringel, aproveitando os troços da A26 já desbravados”, explica.

 

ALTERAÇÃO DE PLANOS

No entanto, é a ligação de Sines à A2 que levanta mais críticas de Pita Ameixa: “A ligação de Sines à A2, em vez de aproveitar e completar a obra iniciada e fazer a ligação ao Nó de Grândola Sul, resolveram fazê-la ao Nó de Grândola Norte. Isto é inverter o que está planeado”, denuncia o autarca.

 

Não poupando nas palavras, Pita Ameixa diz que se tem manifestado “fortemente quanto a isso. É um crime em relação à gestão dos dinheiros públicos e em termos de planeamento do território”, acusa. O autarca considera um erro a opção de “ligar Sines preferencialmente a Lisboa” e subverte o objetivo inicial que era o de fazer a ligação à fronteira atravessando o distrito de Beja. Como escreveu recentemente, “em vez de se apostar na ligação litoral-interior, opta-se (mais uma vez!) pela ligação litoral-litoral”.

 

Pita Ameixa considera que a ligação Sines-Beja-Espanha, é a “espinha dorsal do Baixo-Alentejo e fundamental para esta região. É, aliás, ela que lhe dá organização estrutural e conecta polos de desenvolvimento essenciais – para a região e para o país – como o porto marítimo e a plataforma industrial e energética, aeroporto de Beja e o cluster agrícola e agroindustrial da Zona de Alqueva”.

 

O presidente da Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo, considera que o que está por construir é um verdadeiro “missing link”, uma ligação que falta, com obras iniciadas, mas pendentes de finalização, abandonadas, esquecidas, concluindo que “era agora a oportunidade, com base no PRR, para complementar as obras”.

 

DOIS ANOS DE ESPERA

A 26 de junho de 2020, dois anos depois da obra concluída, e após uma auditoria para atestar questões de segurança, a ligação da A26 entre Grândola Sul e a Malhada Velha, em Figueira de Cavaleiros, foi inaugurada sem pompa nem circunstância. Na abertura estiveram apenas presentes o presidente da Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo e alguns técnicos da IP. As obras para concluir a A26 foram interrompidas em 2011, na altura da crise económica e financeira, por dificuldades da concessionária da subconcessão Baixo Alentejo em obter financiamento.

 

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