Desde 2016 que a água do Alqueva abastece parte do perímetro de rega da Associação de Regantes de Campilhas e Alto Sado. A “novidade” foi dada pela ministra da Agricultura e Mar, no passado dia 21 de junho, durante a conferência de imprensa conjunta com o seu colega do Ambiente. O “Diário do Alentejo” investigou e conta-lhe como essa transferência está a ser realizada.
Texto Aníbal Fernandes
21 de junho de 2022: “[A barragem] do Monte da Rocha está a ser utilizada, parcialmente, para a agricultura, mas, essencialmente para o abastecimento público. E isto acontece porque, efetivamente, há uma ligação – embora imperfeita – ao empreendimento do Alqueva”. Foi esta a declaração que Maria do Céu Antunes proferiu no final da conferência de imprensa onde foram anunciadas medidas para mitigar os efeitos da seca.
No final, confirmámos junto do gabinete da ministra a declaração e foi, então, esclarecido que “não se tratava de uma ligação à albufeira”, mas ao canal de rega que dela saía para servir o perímetro de rega da Associação de Regantes de Campilhas e Alto Sado (Arcas). A Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA) também confirmou, mas remeteu mais esclarecimentos para a Associação de Regantes da zona.
Elídio Martins, secretário da direção da Arcas disse ao “Diário do Alentejo que a ligação, iniciada em 2016, tem sido “uma boa ajuda” nestes períodos de seca e que beneficia 2164 hectares de um total de 3713 hectares.
Este técnico explicou que a ligação da água contratada à EDIA é efetuada através da barragem do Roxo passa pelo sistema misto de distribuição e depois através de um canal até à herdade do Carapetal (no concelho de Aljustrel) onde entra no canal que procede da Rocha. O fornecimento máximo anual tem andado à volta dos 15 milhões de litros de água, um caudal de 1200 metros por segundo.
Os cerca de 1500 hectares que ainda não beneficiam desta água vão ter de esperar pela conclusão da ligação, essa sim, à albufeira do Monte da Rocha. Já existe projeto, o Estudo de Impacto Ambiental está feito e o financiamento por parte da EDIA assegurado. A obra, segundo a ministra, “está em contratação pública”.
“Nós queremos criar condições para ter uma nova infraestrutura que resolva o problema do Monte da Rocha para o abastecimento público e também para agricultura”, disse a ministra na altura. “Estamos a falar de um investimento de 50 milhões de euros que está previsto no Plano Nacional de Regadio e cujo processo está em contratação pública”, especificou a governante.
ABASTECIMENTO PÚBLICO
São cinco os concelhos que dependem, totalmente ou em parte, da água da albufeira do Monte da Rocha: Almodôvar, Castro Verde, Odemira, Ourique e Mértola. Na semana passada, a empresa Águas Públicas do Alentejo (AgdA) anunciou o fornecimento de água a mais cinco localidades destes concelhos, nomeadamente, Góis e São Miguel do Pinheiro, em Mértola, e Telhada, Dogueno e Santa Cruz, em Almodôvar.
Num comunicado à imprensa, a AgdA diz que estas ligações só foram possíveis “após a conclusão da empreitada de expansão” de Almodôvar-Mértola Sudoeste, “no valor de 2,2 milhões de euros”.
A empreitada foi cofinanciada pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (Poseur), e permite “solucionar constrangimentos históricos de disponibilidade e qualidade de água” que existiam nestas zonas do Baixo Alentejo.
A AgdA foi constituída em 25 de setembro de 2009, tendo por acionistas o grupo Águas de Portugal e a Associação de Municípios para a Gestão da Água Pública do Alentejo, constituída por 20 câmaras municipais dos distritos de Beja, Évora e Setúbal. A empresa gere o Sistema Público de Parceria Integrado de Águas do Alentejo, criado em 2009, numa parceria entre o Estado e as autarquias.