Cláudia Banza tem 47 anos e é natural de Aljustrel. Licenciada em Design de Moda, pelo IADE – Instituto de Arte, Design e Marketing, e em Artes Plásticas e Multimédia, pela Escola Superior de Educação de Beja. Atualmente trabalha em marketing digital, como designer e ilustradora, fazendo criações em diversas áreas. O seu trabalho pode ser encontrado em livros infantis, cartazes, flyers, estampagem e no social media.
Até ao passado dia 13 de abril, teve patente ao público no Centro d’Artes de Aljustrel a sua mais recente exposição de ilustração intitulada “As Fridas da Minha Vida”.
Texto José Serrano
Como nos apresenta esta sua exposição?
A exposição, baseada em Frida Kahlo e em todo o legado que deixou, é composta por ilustrações de mulheres, cada uma retratada de forma diferente, revelando a beleza interior e o empoderamento, criticando a sociedade, o poder, a influência do dinheiro e das redes sociais, onde tudo é superficialmente perfeito.
Há nesta exposição, pela distinção da artista mexicana e pela admiração que por ela tem, uma dose acrescida de responsabilidade e risco?
É uma enorme responsabilidade. Frida Kahlo é uma das mulheres que, pela sua tenacidade, autenticidade e força interior, mais admiro. Vestindo sempre as roupas tradicionais do México, autorretratou-se exatamente como era, sem filtros, sem refúgios. Defensora dos direitos das mulheres, tornando-se um símbolo do feminismo, a sua crítica em relação à sociedade, à família, ao amor é um exemplo de força, para todas nós.
Nos poucos traços do cartaz da exposição reconhecemos facilmente Frida Kahlo. Esse despojamento de linhas, capaz de sugerir algo ou alguém, sem o mostrar na totalidade, é uma das suas características, enquanto ilustradora?
Sim. O meu traço tem vindo a ser aperfeiçoado ao longo dos anos, evolui. Tentarei sempre, enquanto artista, ultrapassar os meus limites, facto bem presente nesta exposição – onde saio da minha zona de conforto e mostro pintura digital e manual, lado a lado. Kahlo foi retratada com poucos traços, mostrando a sua imagem enquanto símbolo do feminino, da emancipação da mulher e de protesto.
O que faz de uma ilustração uma ótima ilustração?
Na ilustração recriamos um texto em imagens, complementando as palavras ditas ou escritas. Somente quando isso acontece, quando as nossas representações visuais adicionam algo às palavras, o nosso trabalho está completo. As ilustrações podem dar vida, provocar reflexões e despoletar uma compreensão mais profunda do tema.
Há autores facilmente identificáveis, pelas características dos seus trabalhos. É a identidade própria, reconhecível pelo público, o ponto mais desejável de chegar, para um artista?
Sim, muitos de nós ambicionamos por esse momento. O momento em que o autor é reconhecido somente por uma imagem, sem a necessidade da sua assinatura, somente pela compreensão do seu traço. Eu acredito ter um traço muito característico, acredito que quem segue o meu trabalho é capaz de, imediatamente, o reconhecer. Talvez pelas referências à moda ou pela cor que uso. Gosto de imaginar que sou reconhecida por transmitir alegria e boa disposição. E por marcar a diferença.