Diário do Alentejo

Força aérea investe na Base de Beja para acolher KC-390

31 de março 2022 - 12:30

A Base Aérea de Beja receberá em 2023 a primeira de cinco aeronaves de transporte KC-390, adquiridas à construtora brasileira Embraer. Os trabalhos de beneficiação da BA11 com vista a acolher os aviões “de última geração” deverão estar concluídos “até ao final” do ano e representam um investimento superior a 11 milhões de euros.

 

Texto Nélia Pedrosa

 

Os trabalhos de preparação da Base Aérea N.º 11 de Beja (BA11) para acolher cinco aeronaves de transporte KC-390, adquiridas pelo Estado português à construtora aeronáutica brasileira Embraer, já tiveram início. Segundo adianta o gabinete de relações públicas da Força Aérea Portuguesa (FAP) ao “Diário do Alentejo”, de momento, no âmbito do Programa KC-390, “está a ser edificado, de raiz, um edifício destinado a alojar a nova esquadra de voo e todo o sistema de treino sintético, onde se inclui um simulador de última geração”. Os trabalhos na BA11 abrangem ainda a construção de um armazém para alojamento dos equipamentos de apoio em terra, já concluído, e a remodelação e beneficiação de um hangar “adequando-o às novas aeronaves”.

 

As novas infraestruturas, num investimento total superior a 11 milhões de euros, deverão estar concluídas “até ao final deste ano”.

 

Recorde-se que Portugal acordou em 2019 a compra à Embraer de cinco aviões KC-390 Millenium, que irão substituir os Hércules C-130. A “aquisição das cinco aeronaves e simulador de voo, o sistema de guerra eletrónica, a respetiva contratação do sistema de suporte logístico e demais despesas necessárias à edificação da capacidade, incluindo infraestruturas”, representam um investimento total de 827 milhões de euros, refere a FAP.

 

 A primeira aeronave KC-390 “será entregue, nos termos contratualizados, em 2023, e as restantes ao ritmo de uma por ano, até à entrega da última, em 2027”. Ainda de acordo com o gabinete de relações públicas, prevê-se que a nova esquadra a ser implantada na BA11 “venha a ter até 135 militares entre operação, manutenção e simulador de voo”, sendo “expectável que já em 2023 sejam colocados 55 militares nas mais diversificadas áreas”.

 

A Força Aérea Portuguesa dispõe já de “uma tripulação qualificada em KC-390”, constituída “por dois pilotos e dois loadmaster [operadores de carga]”. A formação foi realizada entre setembro e novembro do ano passado na Força Aérea Brasileira (FAB), “usufruindo da experiência já acumulada pela FAB na aeronave KC-390”.

 

“MAIOR DISPONIBILIDADE DE ESPAÇO AÉREO E METEOROLOGIA MAIS FAVORÁVEL”

Segundo sublinha a FAP, inicialmente foram definidas como possíveis localizações para alojar a nova esquadra de KC-390 a Base Aérea N.º 6, no Montijo, “onde atualmente está localizada a Esquadra 501”, e a Base Aérea N.º 11. Após “uma análise multifatorial relativa às duas possíveis localizações” foi selecionada a Base Aérea de Beja, “sobretudo, devido aos critérios conexos com a disponibilidade de operação da frota, a qual se prevê muito superior” à do Hércules C-130, e “os custos com infraestruturas que a eventual opção do Aeroporto Complementar de Lisboa iria impor na relocalização das novas infraestruturas dentro do perímetro da Base Aérea N.º 6”.

 

Neste contexto, reforça o gabinete de relações públicas, “a maior disponibilidade de espaço aéreo e meteorologia mais favorável” da BA11 foram “fatores determinantes na dimensão operacional, nomeadamente, para uma frota que se prevê apresentar altos níveis de disponibilidade e utilização operacional”. Ao nível das infraestruturas, “a reutilização de edifícios, em detrimento da construção de novos, foi um fator preponderante ao garantir os melhores rácios de economia, eficiência e eficácia na utilização das verbas disponíveis para a edificação das infraestruturas”.

 

O KC-390 é uma aeronave militar de transporte de última geração com capacidade de reabastecimento aéreo. Trata-se, segundo a FA, de uma aeronave “com alcance intercontinental”, dotada “de verdadeiras capacidades multimissão e capaz de executar operações estratégicas e táticas, civis e militares, sem limitações, desde o transporte de tropas, veículos e cargas paletizadas, lançamento de paraquedistas e carga, evacuações sanitárias, missões de busca e salvamento, reabastecimento aéreo e combate a incêndios florestais”, cumprindo “os requisitos exigidos para a participação nas operações militares que poderão decorrer das alianças de que Portugal faz parte, designadamente, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e, ao mesmo tempo, capaz de apoiar as populações quando e onde necessário”.

 

A Força Aérea frisa, ainda, que “o sofisticado sistema de guerra eletrónica que equipa as aeronaves garante a operação e sobrevivência do KC-390 em ambientes aéreos contestados, característica essencial nos futuros teatros de operação e no âmbito do cumprimento das várias tipologias de missão que a aeronave se encontra habilitada a desempenhar”.

 

Em suma, prossegue a FAP, a BA11 irá receber “uma aeronave de última geração e que trará para a Força Aérea e para o País capacidades únicas no domínio transporte aéreo, com avançada tecnologia e com uma relevância estratégica assinalável no domínio militar e de apoio às populações”

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