Diário do Alentejo

Baixo-alentejanos dão nota positiva à União Europeia

30 de março 2022 - 11:45

A esmagadora maioria da população do Baixo Alentejo tem uma opinião positiva em relação à União Europeia (UE), mas uma parte substancial ainda acredita que a EU paga aos agricultores para não produzirem e que a origem e a aplicação dos fundos é pouco clara e transparente. São dados que resultam de um inquérito online, realizado pelo Europe Direct Baixo Alentejo, divulgado recentemente.

 

Texto Aníbal Fernandes

 

O inquérito realizado pelo Europe Direct Baixo Alentejo teve como objetivo “avaliar a perceção geral” da população em relação à União Europeia. O trabalho decorreu durante o ano de 2021 e contou com a participação de 176 cidadãos - um número que ficou abaixo do esperado e desejado, 63 por cento dos quais são do sexo feminino, obtendo respostas de pessoas entre os 17 e 65 anos. Ricardo Cataluna, técnico da instituição, diz que fizeram um “esforço para chegar às populações através de sessões organizadas em parceria com as autarquias, universidades seniores, bibliotecas e escolas” e que os resultados foram ao encontro doque era expectável. “Tínhamos as nossas perceções, mas era necessário validá-las”, explica.

 

Um dado desde logo evidente é que “para os mais jovens a EU é um dado adquirido e, regra geral todos percebem os seus benefícios”, no entanto, “muitos ainda não têm conhecimento das oportunidades” que a comunidade europeia lhes oferece, mas aqueles que passaram por um qualquer programa a eles dirigidos “são altamente favoráveis” ao ideal europeu.

 

A título de exemplo, Ricardo Cataluna refere o Corpo Europeu  de Solidariedade que promove o voluntariado e no qual a UE paga todas as despesas, mas que tem pouca procura “porque ninguém sabe. Não tem sido fácil passar a informação”, confessa.

 

No entanto, muito do trabalho desenvolvido pelo centro de informação tem como destinatários os jovens estudantes e existem atividades regulares nas escolas, como aconteceu recentemente, em Moura, com uma sessão sobre os direitos do consumidor ou em eventos dedicados ao combate às fake news e à desinformação.

 

Para além das escolas, o Europe Direct Baixo Alentejo marca presença regular junto das universidades seniores, no apoio às empresas ou na participação em feiras, como irá acontecer, proximamente, na Ovibeja. Têm também uma presença forte nas redes sociais e mantêm um programa de divulgação na “Rádio Planície”. No entanto, “apesar do digital ter vindo a crescer, as sessões presenciais têm muita força”, diz Ricardo Cataluna.

 

Neste momento o gabinete tem a sua sede em Mértola e mantém mais dois polos em Serpa e Vidigueira, mas a intenção é a de abrir mais dois, de forma a cobrir todo o Baixo Alentejo.

 

Sem qualquer margem para dúvida é a importância da função que as escolas desempenham na “criação de um sentimento de pertença à UE”, nomeadamente, através dos clubes da Europa e das participações no programa Erasmus, logo a partir do 2.º ciclo.

 

“Há um caminho a percorrer de forma a que as pessoas possam beneficiar mais e a região também”, conclui Ricardo Cataluna.

 

ALGUNS NÚMEROS

 O inquérito foi organizado em três grandes áreas: a) Informação geral; b) O que sabe sobre a União Europeia; c) A UE e o Baixo Alentejo. 75 por cento dos participantes tinha menos de 44 anos e a faixa etária abaixo dos 17 contribuiu com 25,6 por cento das respostas.

 

86,9 por cento dos inquiridos considera, e bem, que a EU é uma união económica e política, mas, ainda assim, 12,5 por cento considera, e mal, que a EU é “um conjunto de países que usa a mesma moeda”.

 

86,9 por cento acha que a frase “a Europa é pouco democrática” é falsa; 77,8 por cento dizem o mesmo quando se lhes diz que “Portugal é um país sem peso na UE”.

 

26,1 por cento acredita que a UE paga aos agricultores para não produzirem, e 41,5 por cento diz que a origem e aplicação dos fundos não é clara e é pouco transparente. 77,8 por cento considera que a UE “luta pela paz, prosperidade, segurança e direitos dos cidadãos.

 

Quanto ao impacto na vida quotidiana de cada um, 48,9 por cento diz que no seu concelho tem “algum”, 33 por cento opta por “grande” e apenas 15,9 por cento considera que o impacto é “pouco”. No entanto, 70, 5 por cento dos inquiridos vê com bons olhos a instalação de mais serviços da comunidade na região.

 

A imagem geral da UE é altamente positiva para 21,2 por cento, e positiva para 59,7 por cento. No lado oposto, apenas 6,8 a considera negativa ou muito negativa.

 

Nas conclusões do relatório lê-se que “tendo em consideração a progressiva abertura da região ao que a UE tem para oferecer, acreditamos que territórios de baixa densidade como o nosso deveriam merecer uma atenção redobrada por parte da Comissão Europeia. Se é verdade que tem existido uma grande evolução nas políticas de coesão, o reforço dos serviços da UE nestes territórios representaria uma mais-valia para os mesmos e aumentaria o sentimento de pertença ao espaço europeu”.

 

Os relatores avisam ainda que “a relação da UE com os cidadãos “não deve ser descurada e o respaldo dos cidadão em relação à união não deve ser tomado como algo garantido” e exortam a instituições europeias a manter uma “atitude proativa e atenta às legítimas pretensões dos cidadãos do Baixo Alentejo”.

Comentários