Diário do Alentejo

“O olhar e a sensibilidade dos jovens alentejanos” na cinemateca

01 de julho 2021 - 14:25

O Clube de Cinema da Escola Secundária de Serpa apresentou, recentemente, em Paris, o filme “As Rosas Bravas”, no âmbito do programa O Mundo À Nossa Volta – Cinema, Cem Anos de Juventude, projeto coordenado pela Cinemateca Francesa que reúne profissionais de cinema, professores, salas de cinema, associações e cinematecas. O “Diário do Alentejo” falou com a professora Maria João Brasão, coordenadora do Clube de Cinema e do Grupo de Teatro da Escola Secundária de Serpa, o (EN)Cena.

 

Texto José Serrano

 

“As Rosas Bravas” é o título do filme levado este ano a Paris, pelo Clube de Cinema da Escola de Serpa. Como nos apresenta esta curta-metragem?

 

O clube de cinema tem funcionado em articulação com as disciplinas de Português e Literatura Portuguesa e o Cinema surge articulado com os conteúdos das duas disciplinas, lecionadas por mim. Daí, este ano, o argumento ter partido de um poema de Camilo Pessanha: “Floriram por engano as rosas bravas”. Em “As Rosas Bravas”, Margarida e Rafael vivem o início de uma relação. A ermida e a figueira são as suas confidentes. De pedrinha em pedrinha, são marcados novos encontros...

 

De que forma foi recebido este filme, que levou até à capital francesa 20 alunos e dois professores da Escola Secundária de Serpa?

 

Após a projeção do filme, na Cinemateca Francesa, a comitiva explicou todo o processo relacionado com a realização do filme e respondeu às questões colocadas por alunos, professores e cineastas presentes, vindos das várias regiões francesas e de países como Espanha, Alemanha, Itália, Japão, Brasil, México, Finlândia, Chipre, Bélgica, Reino Unido, Argentina, Bulgária, Lituânia e Índia, participantes no projeto. O filme, realizado pelos alunos, recebeu os maiores elogios, tendo sido proposto para fazer parte de festivais de cinema. A luminosidade, o argumento, a contemplação “fazem lembrar Manoel de Oliveira” – foi-nos dito na sala. Acima de tudo, esteve presente o olhar e a sensibilidade dos jovens alentejanos.

 

Qual a importância que o clube de cinema tem tido, para os alunos que nele participam?

 

Este projeto tem preparado muitos alunos a olharem de outra forma o cinema e a saberem olhar à sua volta. A nível pedagógico é artístico – aprenderam a relacionar o cinema com as várias disciplinas, nomeadamente Português, Literatura, Francês e Artes Visuais, tornando-se cidadãos mais ativos, críticos e solidários, envolvendo-se com a comunidade e dinamizando ciclos de cinema na escola, na Academia Sénior de Serpa, nas várias freguesias do concelho.

 

Poderá este clube de cinema vir a constituir-se como berço de futuros realizadores e/ou atores serpenses?

 

Daqui já saíram alguns alunos que seguiram Cinema e outros que já foram atores em filmes de cineastas conhecidos, tendo ficado referenciados pelo trabalho realizado na Escola Secundária de Serpa e nos filmes apresentados nos vários encontros a nível nacional, na Cinemateca Portuguesa, e internacional, em cinematecas francesas.

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