Três perguntas a Jorge Revez, presidente da Associação de Defesa do Património de Mértola (ADPM)
Texto José Serrano
A Associação de Defesa do Património de Mértola finalizou, no início deste mês a primeira ação de formação para operadores turísticos de São Tomé e Príncipe. Quais os principais objetivos desta iniciativa?
Esta iniciativa inseriu-se no âmbito do Projeto Equador - Promoção do Turismo Sustentável e Inclusivo em São Tomé e Príncipe (STP), sendo que a formação de operadores turísticos é uma das atividades mais importantes para a prossecução dos objetivos traçados e que passam pela promoção do turismo sustentável e inclusivo naquele país, através do empreendedorismo e valorização do património. Pretendemos, igualmente, ajudar, sempre em parceria com as entidades locais, a preparar STP para o turismo, numa lógica sustentável, criando impactos positivos no desenvolvimento local, nomeadamente através da criação de empregos, promoção da cultura e dos produtos locais. De salientar, ainda, a importância da valorização do património histórico e da revitalização da cultura nacional de STP.
Quais as valências, lecionadas, que este curso privilegia, junto dos formandos?
Uma vez que este público não tem muita oferta formativa disponível, tem sido nossa intenção que a formação seja o mais abrangente possível. Deste modo, incluímos temáticas tão importantes e variadas como ecoturismo e turismo sustentável, turismo e desenvolvimento sustentável, relação entre património e turismo, gestão de microempresas turísticas, comunicação e relações públicas no turismo, redes locais para o turismo, 'marketing' digital, entre outras.
Este trabalho da ADPM, em São Tomé e Príncipe, tem um caráter unilateral ou existe, neste envolvimento, uma reciprocidade vantajosa para ambos os territórios?
O nosso trabalho, seja ele realizado em Portugal ou noutros países, é sempre uma estrada de dois sentidos: nós aportamos a nossa experiência em territórios com carências de diversa ordem, mas também aprendemos muito com a resiliência dos parceiros locais com quem trabalhamos. No caso do Projeto Equador, cofinanciado pelo Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, é uma oportunidade para os técnicos da ADPM ganharem experiência noutros contextos, o que será útil no futuro. Devido à pandemia, alguns módulos foram ministrados 'online', o que permitiu o recurso a técnicos experientes, que podem criar pontes com STP, num futuro próximo. O projeto permitirá uma maior articulação com São Tomé, possibilitando outras iniciativas conjuntas, como o acolhimento de estagiários nas entidades portuguesas. De referir ainda que recebemos em Mértola, recentemente, a visita da diretora da Direção Geral de Turismo e Hotelaria de São Tomé e Príncipe, tendo oportunidade de reunir sobre o Equador: para além da discussão sobre o projeto em si, ficou assente a necessidade de aproveitamento de boas oportunidades de colaboração, que possam surgir.