Diário do Alentejo

“Temos concretizado uma estratégia de desenvolvimento”

02 de junho 2021 - 23:20

Em entrevista ao “Diário do Alentejo”, Tomé Pires, presidente da Câmara de Serpa, sublinha o trabalho coletivo e de continuidade deste mandato, assente “num plano e numa estratégia de desenvolvimento para o concelho, em que a sustentabilidade dos recursos é determinante”. O autarca refere, ainda, a “gestão de proximidade”, com os munícipes e as instituições, no desenvolvimento do exercício camarário a que preside e lamenta a falta de vontade política do Poder Central em contribuir para a solução dos problemas existentes no território.

 

Texto José Serrano

 

O que se modificou no concelho de Serpa, desde a presidência camarária que iniciou em 2017?

 

Em primeiro lugar, é preciso referir que o trabalho que foi feito neste mandato foi um trabalho de continuidade, de uma estratégia definida anteriormente, com uma planificação a longo prazo e resultado de um trabalho coletivo. Esta estratégia, que visa o desenvolvimento do concelho com base nos recursos “terra” e “património”, tem vindo a ser concretizada progressivamente, consolidando-se através de um conjunto de projetos, intervenções e atividades diversas, em que a primeira preocupação é sempre a qualidade de vida da população e uma gestão de proximidade, em que o trabalho colaborativo é, também, fundamental.

 

Quais as “obras” que considera serem, até à data, as mais emblemáticas deste seu mandato?

 

Começo por salientar que este não é um mandato de uma só pessoa, é um trabalho feito coletivamente, com base num plano concreto que foi sufragado e que estamos a concretizar. Isto significa que não é tanto a obra em si que nos interessa, porque não trabalhamos para obras emblemáticas, trabalhamos para a criação das dinâmicas que os projetos possibilitam, sendo que a obra é apenas uma espécie de “ferramenta” para pôr em prática a estratégia global e promover as múltiplas dinâmicas fundamentais, para que tudo ande.

 

Que objetivos, por si ambicionados para este mandato, poderão ficar por cumprir?

 

Tal como disse anteriormente, este nosso trabalho é um processo coletivo, contínuo, feito com base num plano e numa estratégia de desenvolvimento para o concelho, em que a sustentabilidade dos recursos e das suas potencialidades é determinante. Temos um plano definido a longo prazo, que não começou em 2017 e não se conclui em 2021 – nem isso seria razoável. O que posso dizer é que esse plano e os seus muitos projetos estão em curso, uns foram concretizados neste mandato, outros serão, pelas suas próprias características, concretizados mais tarde. Mas, de uma forma geral, o balanço é muito positivo – mesmo com os constrangimentos, neste último ano e meio, devido à pandemia, os objetivos que traçámos foram alcançados.

 

Com as próximas eleições autárquicas marcadas para setembro/outubro, qual a sua principal prioridade nesta “reta final” de mandato?

 

A nossa principal prioridade é dar continuidade ao trabalho feito, concluir alguns dos projetos em curso, continuar com as intervenções nas escolas, com a rede museológica, com a rede de mercados do concelho, entre muitas outras. Sobretudo, continuar a trabalhar para que quem aqui vive e trabalha possa ter cada vez mais qualidade de vida. Isso passa também pela grande atenção que temos dado às questões da melhoria da rede de cuidados públicos de saúde e dos serviços públicos em geral, das acessibilidades, da valorização e salvaguarda do património cultural e ambiental, da dinamização da economia, entre muitas outras.

 

Na sua perspetiva, quais os principais problemas com que o concelho de Serpa se debate?

 

O concelho de Serpa tem os mesmos problemas que a maior parte dos outros concelhos do país, nomeadamente os do interior. Infelizmente, não tem existido por parte do Poder Central vontade política de, efetivamente, fazer algo para mudar esta situação – como é o caso do processo de regionalização, que continua a marcar passo e que possibilitaria a mudança positiva necessária. Nós, da nossa parte, temos feito e continuaremos a fazer aquilo que nos compete, criando condições para um presente e um futuro melhores.

 

Quais os principais desafios que o presidente da Câmara de Serpa, que será eleito para o quadriénio 2021/2025, terá pela frente?

 

Os desafios do trabalho autárquico são sempre grandes, porque é um trabalho que é feito para as pessoas, um trabalho em permanente mudança e adaptação, um trabalho em que a proximidade com os munícipes e as instituições deve ser quotidiano e que tanto deve resolver o pequeno buraco na rua como contribuir para solucionar problemas de ordem social e questões mais globais, como é o caso da captação de investimentos e criação de atratividades e de diferentes dinâmicas em todas as áreas. Mais concretamente, refiro como desafio a conclusão dos projetos financiados no âmbito do atual Quadro Comunitário de Apoio e o aproveitamento das possibilidades do novo quadro financeiro, sendo que estes próximos anos vão ser marcados, também, por uma situação previsível de pós pandemia e por todas as alterações que esta trouxe à sociedade, no geral.

Comentários