Diário do Alentejo

“Os próximos anos vão trazer-nos desafios acrescidos”

21 de maio 2021 - 10:35

Em entrevista ao “Diário do Alentejo”, Álvaro Azedo, presidente de Câmara de Moura, considera que a maior marca do executivo que lidera “é não trabalhar num ambiente de ‘terra queimada’”. O autarca refere que 90 por cento dos compromissos eleitorais para este mandato estão cumpridos, com medidas que vão “da área social à renovação de infraestruturas e equipamentos municipais, projetos e cooperação”.

 

Texto José Serrano

 

O que se modificou no concelho de Moura, desde a presidência camarária que iniciou em 2017?

 

Foram várias as mudanças, na forma como a Câmara se relaciona com os munícipes, as empresas e as instituições. Desde logo, a responsabilização desta casa perante decisões que toma, em nome da população. Desde o pagamento da dívida que a Câmara tinha face às juntas de freguesia, e que liquidámos de imediato assim que entrámos em funções. Hoje, os empresários não têm a necessidade de bater à porta da Câmara para que esta cumpra os seus compromissos financeiros, somos uma casa de contas certas. Ficámos com um legado difícil, no tocante a vários processos em tribunal e a compromissos não honrados com privados, que temos vindo a resolver de forma séria.

 

Quais as “obras” que considera serem, até à data, as mais emblemáticas deste seu mandato?

 

A maior marca deste executivo é não trabalhar num ambiente de “terra queimada”. Olhámos para alguns processos que migraram do anterior mandato, cuja implementação tinha pertinência, resolvemos problemas técnicos, legais e financeiros que lhes estavam associados e demos sequência ao respetivo financiamento e obra. E, como seria de esperar, demos seguimento ao nosso programa. A empreitada do Centro Escolar dos Bombeiros Voluntários de Moura avança este ano, as obras que decorrem do projeto Contenda Natur, na Herdade da Contenda, estão a desenrolar-se a um bom ritmo, o que nos vai permitir avançar para o programa de visitação da herdade, já este ano. Também as entradas de Moura estão com empreitadas em curso e em fase de iniciação. A zona industrial de Amareleja, agora com financiamento garantido, terá lançamento da empreitada nas próximas semanas. Fizemos um forte investimento na renovação do parque de máquinas e viaturas, que se encontrava envelhecido – até ao momento, foram adquiridas 20 viaturas e equipamentos. Temos vindo a desenvolver um programa de repavimentações, em todo o concelho. As empresas municipais também sofreram alterações importantes no seu funcionamento, com a constituição de equipas de administração competentes, capazes de garantir o presente e perspetivar o futuro. A Escola Profissional de Moura abraçou um conjunto de novas parcerias, entre elas com o Instituto Politécnico de Beja, para o desenvolvimento de um Curso Técnico Superior Profissional. No tocante à Escola Profissional, resolvemos um problema, que se vinha a arrastar, através da integração de quatro docentes e oito não docentes nos quadros da escola.

 

Que objetivos, por si ambicionados para este mandato, poderão ficar por cumprir?

 

O projeto da Estação Náutica de Moura não ficará por cumprir, mas tem demorado mais do que esperávamos. É um investimento, em parceria com a Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva, repartido entre a construção de uma praia fluvial, piscina flutuante, área de serviço de autocaravanas, espaço para operadores e cafetaria, que faz parte do programa que desenhámos para o desenvolvimento turístico do concelho. Este atraso em um ano deveu-se a uma inspeção da Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, à qual fomos sempre prestando informação sobre a legalidade de todo o processo, facto que veio a comprovar-se ao longo de um tortuoso ano de 2020. Estamos a preparar com o nosso parceiro os processos para lançamento das respetivas empreitadas e não temos dúvida que Moura vai ser uma referência nacional em águas interiores, nos domínios do desporto, recreio e lazer náutico.

 

Com as próximas eleições autárquicas marcadas para setembro/outubro, qual a sua principal prioridade nesta “reta final” de mandato?

 

O nosso compromisso, para este mandato, está 90 por cento cumprido, com medidas implementadas que vão da área social à renovação de infraestruturas e equipamentos municipais, projetos e cooperação. E neste último domínio temos tido influência direta em alguns processos. A transformação do Convento do Carmo em hotel de cinco estrelas, cujos trabalhos já se iniciaram, com as sondagens arqueológicas na zona de implantação do projeto. Também a Acciona [fábrica de painéis solares] vai ter nova vida, com um novo investidor com quem temos vindo a trabalhar nos últimos três anos, o que proporcionará a criação de 40 a 50 postos de trabalho, numa primeira fase. Fruto de um acordo com a Direção-Geral do Tesouro e Finanças, estamos a avançar com os projetos, e consequente empreitada, nas igrejas de São João Baptista (Património Nacional), em Moura, e paroquial de Santo Aleixo, estando a aguardar por autorização do Ministério das Finanças a assinatura do contrato com o Estado, que atribuirá à Câmara a função de se assumir como dono da obra na intervenção na esquadra de Polícia de Segurança Pública.

 

Na sua perspetiva, quais os principais problemas com que o concelho de Moura se debate?

 

Temos procurado criar condições para que Moura seja apetecível aos investidores externos e esse desiderato tem vindo a ser conseguido. Há um esforço importante, que estamos a cumprir, na melhoria das condições de vida da nossa cidade, vila e aldeias, ouvindo os autarcas de freguesia, para com eles desenvolvermos projetos. Devido à pandemia que nos assola, fomos lidando com as dificuldades, com tenacidade, pois temos tido vários constrangimentos – lançamento de vários concursos que têm ficado desertos, além de todo o drama associado ao momento que estamos a viver, há mais de um ano.

 

Quais os principais desafios que o presidente da Câmara de Moura, que será eleito para o quadriénio 2021/2025, terá pela frente?

 

Consolidar o trabalho que estamos a desenvolver, através da concretização dos projetos que estão a ser desenhados e que iremos honrar. A título de exemplo: a nova piscina de Amareleja, a renovação da Avenida dos Bombeiros Voluntários de Moura, a ecopista no ramal de Moura, o investimento no ciclo urbano da água em Amareleja, Safara e Sobral da Adiça. Os próximos anos vão trazer-nos desafios acrescidos, com a descentralização de competências, e também aí estaremos devidamente preparados para servir, com rigor e dedicação, os nossos munícipes.

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