“Alamedas de Abril” um disco, de Manuel Nobre, que celebra a Liberdade
Manuel Nobre apresentou, no mês em que a Revolução dos Cravos comemorou o seu 47.º aniversário, o seu mais recente trabalho musical, intitulado “Alamedas de Abril”. Um trabalho que reúne vários músicos e poetas e cuja sonoridade abrange vários estilos musicais.
Texto José Serrano
Como nos apresenta estas suas “Alamedas de Abril”?
Este trabalho é o resultado da amizade de todos os que ajudaram a construir esta ideia que há muito me acompanhava, é um disco que assume uma sonoridade atual, com uma mensagem sobre a nossa sociedade que pode ser transportada para outros povos, pois estas canções são contributos para a consciencialização social e um alento para a construção de um futuro de justiça. Um trabalho que traz consigo poetas que escreveram propositadamente para estas alamedas, como tem a honra de ir beber a outros, fustigados pela censura do regime fascista e cuja mensagem é cada vez mais atual: Manuel da Fonseca, Urbano Tavares Rodrigues, José Gomes Ferreira, Ary dos Santos, Manuel Rodrigues, Laíns de Ourém, José Augusto Carvalho. Este trabalho contém sonoridades que vão do cante alentejano à bossa nova, do pop ao reggae, da soul à música popular, ao que se juntam vozes do Alentejo, da Galiza e do Brasil, que fazem deste disco uma festa de todos os que celebram a Liberdade: Ildefonso Godinho, Rui Gomes, Uxía, Luanda Cozetti, Celina da Piedade, Fernando Pardal, Paulo Ribeiro, Miguel Encarnação, Telmo Narciso e Carolina Moreira, acompanhadas pelos músicos Jorge Moniz, Vítor Guerreiro, Manuel Rocha, João Cataluna, Pedro Mestre, Hugo Bentes, Armando Torrão, Artur Silva, Sérgio Fidalgo, Pedro Mestre, Paulo Cascalheira, Paulino Godinho e Rui Porto.
Nesse sentido de comunhão artística, podemos dizer que este disco é também um apelo à união entre aqueles que privilegiam a Liberdade?
A intervenção na sociedade continua atual e é cada vez mais necessário o contributo de artistas, poetas, músicos, cantadores, de todos os lutadores pela liberdade dos povos que afrontam de forma determinada a exploração e o retrocesso civilizacional e que encontram na “mais bela Revolução do mundo”, como lhe chamaram os maiores poetas e os mais sublimes corações, a estrada a percorrer. Intervir e alertar, para o que é justo e necessário, é a direção para que nos tornemos melhor Humanidade.
Considera que, parafraseando José Mário Branco, a cantiga ainda é uma arma?
O esclarecimento e a verdade combatem o obscurantismo e a submissão. A cantiga é mais um meio para refletir e intervir na sociedade. Para ser uma arma eficaz, depende muito da pontaria. Ouvir estas “Alamedas de Abril” é alimentar a consciência, alerta imprescindível para a luta e resistência, mas é também alento e banda sonora para a materialização dessa consciência – de ser necessário, hoje mais do que nunca, buscar quotidianamente o futuro de justiça que ansiamos para nós e para os vindouros. E, como dizia o grande José Mário Branco, “resistir é vencer”.