Da autoria do pintor Joaquim Rosa, o Município de Castro Verde acaba de lançar uma coleção de 12 postais e uma outra de 20 ilustrações que retratam os cartazes, das últimas duas décadas, da Feira de Castro Verde. As coleções estarão disponíveis no Posto de Turismo de Castro Verde, através do contacto telefónico 286 328 148.
Texto José Serrano
Como surgiu esta ideia e quais os principais “quadros” que estes postais e cartazes exibem?
A Câmara de Castro Verde queria assinalar os 400 anos da Feira de Castro e a edição de uma coleção de postais, com os cartazes que fiz nos últimos 20 anos, seria uma forma de marcar a data. Além dos postais a câmara mandou fazer uma edição de seis cartazes em impressão Fine Art, em formato A2. Os cartazes valem sobretudo pelas ilustrações – sempre vivi a feira desde a infância, recorri muitas vezes à memória que tenho desses anos para fazer essas ilustrações. A feira retratada nos cartazes provavelmente já não existe, mas a sua essência mantém-se – as minhas ilustrações falam dos ciganos, do toque na viola campaniça, nas barracas de comes e bebes, do artesanato, de um ambiente que se vivia e que, em parte, ainda se vive nos três dias da Feira de Castro.
É a Feira de Castro, para um artista, um manancial de inspiração?
Aquilo que mais gosto de fazer, enquanto artista, é representar a figura humana: nesse sentido, a Feira de Castro tinha, e ainda tem, um conjunto de figuras típicas que são um manancial de inspiração para qualquer artista. Com frequência, nas ilustrações para os cartazes, recorro a essas figuras: o tocador de viola, o feirante, o homem das castanhas, a cigana que vende roupa ou a algarvia que vende amêndoas e figos.
Quais as principais mudanças que tem “sentido” e imprimido na sua arte, ao longo destes vinte anos, como responsável pelos cartazes da Feira de Castro?
A grande preocupação é, sempre, comunicar o evento: nesse sentido os cartazes sofreram mudanças. No entanto, as ilustrações mantêm-se fiéis à minha feira de infância e acho que é isso que as torna interessantes.
Como castrense, qual o significado que esta feira tem para si e para os seus congéneres?
No terceiro domingo de outubro, a Feira de Castro acontece – é assim desde 1620, daí a expressão “Tão certo como a Feira de Castro”. Para os castrenses, a feira acaba por ser uma data importante que assinala a proximidade do inverno. Outro aspeto importante é manter vivos alguns elos com o passado, desde a venda de produtos do pequeno comércio e da indústria familiar, das mantas de lã aos queijos, das quinquilharias às loiças de barro, das alfaias agrícolas ao mobiliário rústico. Ao longo dos anos, a feira foi mudando, porém continua a mesma no que toca ao reencontro dos castrenses e ao convívio.