Diário do Alentejo

Litoral: Autarcas reclamam melhores acessibilidades

09 de abril 2021 - 16:50

Os presidentes das Câmaras de Alcácer do Sal, Grândola, Odemira, Santiago do Cacém e Sines dizem-se “fartos” de esperar por promessas que teimam em não ser cumpridas por parte dos sucessivos governos.

 

Texto Marta Louro

 

Os autarcas manifestaram ao ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, a sua preocupação pelos atrasos na execução de projetos que consideram “absolutamente fundamentais e estruturantes para a região”, entre os quais a melhoria das acessibilidades rodoviárias e ferroviárias.

 

“São questões e assuntos que já há muito tempo temos vindo a debater com vários governos”, recorda Vítor Proença, presidente da Câmara de Alcácer do Sal e da Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral (Cimal). “Chamámos a atenção para importância incalculável do litoral alentejano, quer do ponto de vista dos investimentos económicos existentes e dos que estão em curso, mas que apresentam défices enormes, particularmente no que diz respeito aos acessos rodoviários e ferroviários. Estes atrasos não se podem manter”.

 

Na reunião com Pedro Nuno Santos foram reiteradas reivindicações já antigas, como a ligação de Sines e Santiago do Cacém à autoestrada A2, ou a “urgência” na reparação do IP1, entre Palma e Alcácer do Sal, assim como da Estrada Nacional (EN) 253, entre a Comporta e Alcácer do Sal.

 

“Hoje temos um troço que liga Sines e Santiago do Cacém à A2 que está estrangulado, com uma grande procura, principalmente de veículos pesados, o que torna insustentável a circulação”. Com o aproximar do verão, o tráfego agrava-se “devido à procura das praias do litoral alentejano”, recorda Vítor Proença, avançando que Pedro Nuno Santos “garantiu que a obra vai avançar”, estando neste momento, “a ser projetada a ligação a Grândola Norte, num horizonte até 2026”.

 

Os autarcas alertaram ainda o ministro para a “inevitabilidade” de se avançar com os melhoramentos da EN 120, no concelho de Odemira, assim como do investimento na EN 263, de forma a ligar este concelho à autoestrada. “Odemira é um dos concelhos do país com maiores dificuldades nas acessibilidades e que continua a conhecer a mesma rede de caminhos de há mais de 50 anos. As vias têm-se vindo a degradar e a perder qualidade”, sublinha o presidente da Câmara de Odemira, José Aberto Guerreiro, lembrando que a EN 266, que liga Saboia ao distrito de Faro, “está em péssimas condições e precisa urgentemente de uma intervenção”, assim como a ligação entre Odeceixe e Odemira.

 

“A EN 120 e a EN 263 entre Odemira e o cruzamento Colos/São Martinho das Amoreiras é uma via principal no acesso a Beja e ao IC 1 e está de igual modo muito degrada”, acrescenta José Alberto Guerreiro, reclamando “uma intervenção o mais urgente possível na repavimentação, na requalificação e na marcação” destas vias. “As estradas estão em muito mau estado, mas em particular a EN 266 está em péssimo estado. Até a entidade gestora da via reconhece que a via é imprópria para circulação”.

 

“Estamos a falar de estrada”, acrescenta o autarca, “por onde circulam mais de quatro mil veículos por dia, e onde só não existem mais acidentes porque a pandemia reduziu e condicionou o aumento do tráfego neste último ano. Se formos analisar os números da sinistralidade, de março do ano passado para trás, o número de acidentes e de mortes cresceu de forma significativa”.

 

COMBOIOS E AEROPORTO

 

Relativamente aos projetos na ferrovia, os autarcas voltaram a reforçar a necessidade de ser retomada a ligação ferroviária de passageiros (encerrada desde 2012) no troço entre Lisboa e Funcheira, com paragens em Alcácer do Sal, Grândola, Ermidas do Sado e Odemira. Segundo a Cimal, Pedro Nuno Santos “manifestou-se sensível a esta reivindicação, tendo reconhecido que a linha está operacional”, mas a decisão “terá que ser” tomada em conjunto com a CP. “A linha existe, mas há troços que têm de ser reparados e as estações reabilitadas. No entanto não será necessário um grande investimento”, garante Vítor Proença.

 

O aeroporto de Beja, “obra fundamental para o desenvolvimento da região”, foi outro tema da reunião dos autarcas com o ministro das Infraestruturas. Em declarações ao “DA”, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, diz que se trata de uma infraestrutura nacional, cuja função está suficientemente caracterizada do ponto de vista estratégico. “Pode ser muito importante para a internacionalização do território, nomeadamente tendo em vista o desenvolvimento do setor agroalimentar. Mas terá um papel ainda mais importante, no futuro, se centrar a sua estratégia em áreas que tenham uma verdadeira vantagem competitiva”.

 

LIGAÇÃO DE SINES À AUTOESTRADA

 

“Não faz sentido que o Porto de Sines, que é o maior do país, não tenha ligações de primeiro nível à rede nacional de autoestradas”, diz o presidente da Câmara de Sines, acrescentando, no entanto, que em matéria de acessibilidades, “as expectativas são muito animadoras, uma vez que a ferrovia está em execução e a ligação da A26 à A2 está garantida” pelo Governo.

 

“Do ponto de vista da ferrovia, no que concerne ao transporte de mercadorias, os avanços são significativos. É preciso, no entanto, articular de forma mais eficiente a acessibilidade do Alentejo Litoral à ferrovia, que deve ter também um papel mais regional de proximidade, elevando em paralelo a qualidade dos serviços no transporte de passageiros”, sublinha Nuno Mascarenhas.

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