Diário do Alentejo

“Temos em execução o maior volume de obras desde o Polis”

25 de março 2021 - 11:10

O presidente da Câmara de Beja, Paulo Arsénio, faz o balanço do atual mandato, recordando a sua singularidade por ter decorrido, na segunda metade, “em contexto de pandemia”, o que “condicionou muito o que seriam execuções normais das autarquias”. Contudo, o autarca declara estar “em execução, em Beja, o maior volume de obra em simultâneo, desde o Programa Polis”.

 

Texto José Serrano

 

O que se modificou no concelho de Beja, desde a presidência camarária que iniciou em 2017?

A atitude e o rigor na administração do município. A lógica do “prometer tudo a todos” e o anúncio recorrente de projetos incomportáveis deu lugar a uma atitude realista, séria, explicando-se o que é possível realizar, com que meios financeiros e quais os encargos para a autarquia de cada intervenção de maior dimensão. Fizemos um aproveitamento cabal das verbas comunitárias disponíveis, candidatando tudo o que nos foi possível. Dessa forma, é-nos possível ter em execução, em Beja, o maior volume de obra em simultâneo, desde o Programa Polis. Estão em execução nove milhões de euros, o que é revelador da dinâmica da autarquia. Algumas vezes temos dificuldade em executar projetos ao ritmo da aprovação de candidaturas. Isso sucede, também, porque, em rigor, eles não existiam na câmara, o que nos obriga ao esforço redobrado de ter de elaborar projetos, procurar financiamentos e submeter candidaturas para beneficiar de apoios financeiros, sem os quais os investimentos não são possíveis.

 

Quais as “obras” que considera serem, até à data, as mais emblemáticas deste seu mandato?

O início da reabilitação do mercado municipal e toda a transformação no centro histórico – através dos percursos acessíveis e do lançamento de empreitadas de reabilitação nesta zona -, para além da Zona de Acolhimento Empresarial Norte e da requalificação da piscina municipal, acabarão por marcar este mandato. Estes quatro projetos, que farão a diferença no futuro da cidade e do concelho, requereram, da nossa parte, muita coragem e determinação, sobretudo os dois primeiros. Não era fácil, “mexer” no mercado municipal de Beja e revirar, durante meses, o centro histórico, com todos os constrangimentos que isso causa a moradores, comerciantes e visitantes. Não sendo popular, sabemos que, em ambos os casos, Beja sairá a ganhar imenso. Quando se conseguiu financiamento para as duas obras, estas não poderiam ficar adiadas por calculismos de natureza política. Viemos determinados a fazer e não a fingir que fazemos.

 

Que objetivos, por si ambicionados para este mandato, poderão ficar por cumprir?

O nosso programa está executado na sua grande maioria. Fizemos, aliás, muito mais do que era o projeto inicial, apresentado em 2017. Naquilo que é nossa responsabilidade, não termos conseguido avançar com o projeto de musealização para o Centro de Artes e Arqueologia é algo que, quiçá, pudéssemos ter avançado mais, pois temos uma ideia forte para o espaço. No parque de campismo temos o projeto concluído, mas falta-nos lançar a empreitada de requalificação – dificilmente será possível, até final do mandato. O facto de termos muitos projetos e muitas empreitadas prontas, torna impossível lançar ou realizar tudo, até final de 2021. Os recursos financeiros não são infinitos. Recordo ainda que este mandato é absolutamente singular, tendo decorrido, em toda a segunda metade, em contexto de pandemia, algo que ninguém certamente esperaria e que condicionou muito o que seriam execuções normais das autarquias.               

 

Na sua perspetiva, quais os principais problemas com que o concelho de Beja se debate?

A falta de habitação social e um casco urbano muito envelhecido, em vastas zonas do centro histórico, são problemas com que devemos preocupar-nos. As péssimas acessibilidades rodoviárias e ferroviárias a Beja, problema que esperamos ver substancialmente resolvido com o financiamento que o país receberá, do próximo quadro financeiro plurianual. De resto, quer o acesso via A26 quer a eletrificação da linha entre Casa Branca e Beja estão previstos no Programa Nacional de Investimentos, sendo das poucas obras, a nível nacional, que figuram nesse documento estratégico. Foi uma vitória da Câmara de Beja termos conseguido que o Governo inscrevesse num plano, com este peso, dois dos melhoramentos que há muito exigimos e que nos ajudarão a ser mais competitivos, do ponto de vista empresarial, no futuro próximo.

 

Quais os principais desafios que o presidente da Câmara de Beja eleito para o quadriénio 2021/2025 terá pela frente?

Aproveitar os novos fundos comunitários, que o Quadro Financeiro 2021/2027 e a chamada “bazuca” financeira disponibilizam, para continuar a recuperar o concelho, sendo que, em termos de habitação social, o Plano de Recuperação e Resiliência encerra oportunidades, provavelmente, irrepetíveis. Fazer com que Beja se afirme, progressivamente, como polo de excelência de pequena e média indústria, ligada às oportunidades que o Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva proporciona, criando algumas centenas de postos de trabalho. Potenciar as oportunidades turísticas que Beja tem, continuando a recuperar o património edificado e a valorizar as tradições do território, como elemento que aumenta a apetência por Beja. Afirmar Beja como capital de uma futura região do Baixo Alentejo, num quadro de regionalização do território. Acompanhar de perto a execução do PNI 2030 no território, para que não sejamos ultrapassados na resolução do problema das acessibilidades. Julgo que estão reunidas as condições para que os desígnios acima referidos se concretizem e para que sejamos, cada vez mais, um território de excelência a nível nacional, e não só.

 

Qual a sua prioridade nesta “reta final” de mandato?

Continuar a lançar algumas das empreitadas cujos projetos vamos finalizando e tendo prontos. São pequenas intervenções no concelho, mas que fazem grande diferença na qualidade de vida daqueles que delas beneficiarão. Gostaríamos ainda de lançar as empreitadas da reabilitação do edifício das “Modas Felício” e do Fórum Romano. Será excelente se ainda o fizermos e creio que esse objetivo pode ser concretizado.

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