Entrevista a Tiago Brandão Rodrigues, ministro da Educação
Texto Luís Miguel Ricardo
O que mudou no sistema educativo, durante a última década, para justificar esta redução do abandono escolar precoce?
É consensual que uma melhoria tão significativa e consistente no serviço providenciado pelo nosso sistema educativo é sempre resultado de um grande conjunto de ações, bem como de diversos agentes e instituições, a começar obviamente pelo compromisso e qualidade revelados pelas nossas escolas. É, se quisermos, o resultado de uma mudança de mentalidade, nas comunidades, sobre a necessidade de garantirmos aos nossos jovens uma educação e uma qualificação que lhes permitam integrar-se e valorizar, construir projetos de vida, com maior igualdade e bem-estar, estando preparados para enfrentar os desafios da sociedade de hoje e de amanhã.”
Quais as principais estratégias adotadas?
Podemos frisar aqui quatro linhas de ação que têm sido fundamentais para este desígnio. Primeiro, a cobertura da rede, garantindo oportunidades escolares em todos os territórios e que, neste momento, se alarga não apenas a todo o ensino básico e secundário, mas também, cada vez mais, à educação pré-escolar. Segundo, a promoção do sucesso educativo em todas as escolas do país, pois sabemos que alunos com sucesso raramente abandonam a escola. Terceiro, a diversificação das ofertas no ensino secundário, nomeadamente ao nível dos cursos profissionais que permitem a uma grande parte dos jovens completar a sua escolaridade e preparar-se para um trabalho, de acordo com os seus gostos e interesses. Quarto, a educação inclusiva, anteriormente conhecida por educação especial, enquanto compromisso fundamental das escolas com todos os alunos, dando espaço e valorizando as diferenças, em vez de as negar ou ostracizar.
O que se pode esperar do futuro da educação no Alentejo durante a próxima década?
Temos motivos para estar confiantes e para pensar que o Alentejo continuará esta senda de desenvolvimento educativo que se tem observado nos últimos anos. É interessante notar que o ano passado foi o primeiro, em toda a década, em que aumentou o número de crianças a frequentar o pré-escolar no Alentejo e esta tendência deverá alargar-se aos restantes ciclos de ensino, à medida que estas crianças cresçam. Hoje praticamente 100 por cento das crianças no Alentejo frequentam o pré-escolar.
E o insucesso escolar tem vindo a diminuir…
No Alentejo diminuiu para menos de metade, nos últimos cinco anos. Isso é uma conquista notável. Também ao nível do ensino profissional, o Alentejo tem hoje um conjunto de ofertas consolidadas reconhecidas a nível nacional, tanto no secor público como privado, e articuladas com o desenvolvimento do tecido produtivo. Creio que todas estas dinâmicas permitem acreditar que a educação no Alentejo continuará a desenvolver-se, nos próximos anos, de forma a garantir a todos uma educação de qualidade. Estamos ainda empenhados em alargar, nos próximos anos, tanto a educação digital como a oferta e a cobertura de educação de adultos, duas dimensões que não deixarão de ser fundamentais para o crescimento e bem-estar na região.