Diário do Alentejo

Vítor Proença “A prioridade é acudir à pandemia”

16 de fevereiro 2021 - 14:50

Em entrevista ao “Diário do Alentejo”, o presidente da Câmara Municipal de Alcácer do Sal, Vítor Proença, faz o balanço do atual mandato e diz que, agora, a prioridade é “acudir à pandemia, com o apoio à vacinação e o apoio aos mais carenciados, fazendo tudo para que os estragos provocados pela covid-19 sejam minimizados”. Trata-se, segundo o autarca, de “uma tarefa gigantesca”.

 

Texto José Serrano

 

O que se modificou no concelho de Alcácer do Sal desde a presidência camarária que iniciou em 2017?

Verificou-se uma aceleração profunda nas obras municipais: foi levado a cabo o saneamento da antiga Empresa Municipal de Serviços Urbanos de Alcácer do Sal, que estava falida e dependente do município em 99 por cento, com a integração da larga maioria dos seus trabalhadores nos quadros da Câmara. Têm sido feitas a renovação completa da rede de dados e do parque informático, da frota e gestão automóvel do município, uma intervenção fortíssima nos apoios sociais, um apoio muito grande na cultura e nos direitos dos trabalhadores. Estas, em resumo, têm sido as grandes intervenções feitas desde 2017, ano em que este executivo municipal, permanente, foi reeleito.

 

Quais as “obras” que considera serem, até à data, as mais emblemáticas deste seu mandato?

Do ponto de vista de obra pública, são o interface de transportes e o parque urbano, na zona nascente de Alcácer, que representam todo o envolvimento da praça de touros. O parque de feiras encontrava-se em péssimo estado, lamacento e em areia solta, sendo indigno para a cidade. É também a obra das infraestruturas de Foros de Albergaria que comporta toda uma renovação da rede de águas, uma nova Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), num investimento total de um milhão de euros. É igualmente o Plano de Mobilidade do Torrão, que significou a renovação completa de 12 ruas, com novas redes de águas pluviais e novo pavimento, que vem melhorar a mobilidade das pessoas. Importa também referir a obra da iluminação cénica de Alcácer do Sal, para dar uma maior visibilidade ao património da cidade. Devemos associar, a isto, uma grande intervenção pública nacional, nos canais de rega do Vale do Sado, no valor de 40 milhões de euros, ou a nova ETAR da Comporta.

 

Que objetivos, por si ambicionados para este mandato, poderão ficar por cumprir?

Relativamente ao programa que foi desenvolvido para este mandato, o que vai acontecer é uma ultrapassagem de objetivos. Não foi prometida a obra da renovação do edifício da Oficina da Criança, e está concretizada. Não foram prometidos os transportes urbanos, com duas viaturas a efetuarem circuitos dentro de Alcácer para ajudar ao transporte, sobretudo, das pessoas mais idosas, para que possam ir às compras, à farmácia, ao centro de saúde, aos serviços públicos… e vão ser concretizados. Não foi prometido o alargamento de toda a iluminação da cidade de Alcácer, e vai ser feita. Há um conjunto de obras e de intervenções, para além de outras localizadas em aldeias do concelho, como o Parque Lúdico do Arêz, uma obra de 300 mil euros, que também não foi prometida e vai ser concretizada. Falo também da reparação da antiga escola primária de Montevil, que também não foi prometida e vai ser concretizada, em conjunto com a Associação de Moradores e a União das Freguesias de Alcácer do Sal e Santa Susana.

 

Com as próximas eleições autárquicas marcadas para outubro, qual a sua principal prioridade nesta “reta final” de mandato?

A principal prioridade é acudir à pandemia, com o apoio à vacinação, o apoio aos mais carenciados, fazendo tudo para que os estragos provocados pela covid-19 sejam minimizados. É uma tarefa gigantesca, na qual, desde a primeira hora, a câmara tem sido exemplar. É por este caminho que vamos continuar, porque a prioridade é apoiar os mais carenciados e as pessoas no Programa Nacional de Vacinação, o que vai obrigar ao transporte dessas mesmas pessoas, naquele que é o segundo maior concelho do país, em área geográfica.

 

Na sua perspetiva, quais os principais problemas com que o concelho se debate?

Existe um problema comum a todo o Alentejo e ao país, que é um índice elevado de envelhecimento. Temos números muito elevados e isso só se resolve com emprego. Alcácer do Sal está a ser bastante procurada e a ter muito investimento privado, particularmente nos setores agroalimentar e turismo. Temos três hotéis de quatro estrelas, dois em funcionamento e um outro que, se tudo correr bem, será inaugurado este ano. Esperamos também que uma grande fábrica, que vai trabalhar com a indústria farmacêutica e hospitalar, abra portas este ano. No setor agroalimentar há muito investimento novo, de culturas que Alcácer do Sal não tinha. Há investimentos significativos na Comporta como, por exemplo, um projeto dentro da aldeia, a cargo do Grupo Pestana, que vai implementar mais de 200 camas. Estes investimentos trazem emprego e o emprego traz novas pessoas. É nossa expectativa resolver os problemas do envelhecimento através do investimento e do emprego.

 

Quais os principais desafios que o presidente de câmara que será eleito para o quadriénio 2021/2025 terá pela frente?

Desde logo uma aposta na relação com a Administração Central e com o Governo, com novos investimentos indispensáveis, como é o caso a reparação das estradas, como é o caso da ferrovia de passageiros – que tem que voltar a passar em Alcácer do Sal –, ou a ligação da barragem do Alqueva à barragem do Pego do Altar, para que haja mais água para os nossos agricultores e produtores. Vamos preparar o novo ciclo de financiamento da União Europeia (2021/2027), continuar a pressionar para que o Governo invista no Litoral Alentejano e em Alcácer do Sal e continuar a apostar na atração de mais investimento para criar estímulos ao emprego e dar mais oportunidades aos jovens. Vale a pena viver em Alcácer do Sal, um concelho que se encontra próximo da área metropolitana de Lisboa e ao lado do “corredor” que vai para Madrid. Tem que haver também uma visão relativamente ao património e à história, num município que, este ano, assinala 804 anos de existência.

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