Diário do Alentejo

Câmaras com “ónus” do alargamento do voto antecipado

15 de janeiro 2021 - 17:00

As câmaras municipais ficaram com o "ónus" do alargamento do direito de voto antecipado nas eleições presidenciais de 24 de janeiro, sem serem previamente consultadas, criticou o presidente da Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral (CIMAL), Vítor Proença lembrando também que o voto antecipado em mobilidade “deixou de ser na capital de distrito”, o que implicou a criação de mesas eleitorais nos cinco municípios do litoral alentejano.

 

“As câmaras municipais ficaram com o ónus em cima, sem que previamente tenha sido discutido com elas o que quer que seja. Isso não deixa de ser um fator negativo”, apontou o presidente da CIMAL, segundo o qual o processo vai contar com “o grande profissionalismo dos funcionários municipais, que têm um treino e uma experiência muito fortes”, mas efetivamente “não houve o devido acautelamento para as câmaras municipais”, o que constitui “um fator menos bom que está a ocorrer”.

 

“Mais uma vez, as câmaras municipais estão na linha da frente porque têm várias respostas a dar, quer de situações sociais da pandemia, quer de problemas de desinfeção e apoio às IPSS, [centros de] Saúde, bombeiros e, ao mesmo tempo, com este processo eleitoral (...) isto está a pôr à prova as câmaras sem que o Governo tivesse discutido previamente com os municípios”, afirmou.

 

Além disso, Vítor Proença considerou que o maior desafio para as autarquias da CIMAL será o voto “nos lares”. Apesar de garantir que as autarquias do litoral alentejano “estão preparadas”, preferiu não se alongar sobre esse processo porque “a Assembleia da República ainda não legislou”. Pelo contrário, a recolha dos votos nos estabelecimentos prisionais de Odemira e Pinheiro da Cruz (Grândola) também já começou, assim como no Hospital do Litoral Alentejano (Santiago do Cacém), numa comunidade intermunicipal que abrange também o município de Sines.

 

“É todo um trabalho de desmultiplicação” que tem vido a ser feito pelas autarquias, para “encontrar as melhores respostas” que salvaguardem os “princípios de clareza democrática, de legalidade e de práticas inatacáveis”, sublinhou Vítor Proença, considerando que “adiar as eleições não tem sentido nenhum”, mas alertou que “têm de ser acautelados os meios materiais e logísticos para permitir aos portugueses que estão confinados, em lares ou deslocados que tenham a possibilidade de exercer” o seu direito de voto,.

 

Ainda relativamente aos meios logísticos, a possibilidade de o país entrar em confinamento alargado antes das datas previstas para o voto antecipado implica também outros desafios. “Há municípios que já estão a conversar com a autoridade policial, a GNR ou a PSP, no sentido de que o talão comprovativo da inscrição na plataforma” de voto antecipado possa “constituir fundamento para justificação perante a autoridade policial, já que o voto é até às 19:00 de domingo”, sublinhou.

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