O presidente da Câmara de Ferreira do Alentejo defendeu hoje que o Governo deve rever o critério para identificar concelhos com risco elevado de transmissão do vírus da covid-19 porque baseia-se em dados "desatualizados".
"O critério carece de atualidade" porque baseia-se nos casos registados nos 14 dias anteriores ao dia em que é tomada a decisão de incluir ou excluir concelhos da lista dos que têm risco elevado de transmissão do vírus, ou seja, "em dados desatualizados", diz Luís Pita Ameixa. Por isso, acrescenta, "o Governo deve rever o critério e passar a fazer uma apreciação mais atualizada e de acordo com a situação que existe em cada concelho no dia em que se toma a decisão ou num momento mais próximo".
O critério adotado pelo Governo para identificar concelhos com risco elevado de transmissão do vírus da covid-19 e sujeitos a medidas mais restritivas de combate à pandemia é o do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, que é uniforme para toda a União Europeia e define como situação de elevada incidência a existência de 240 casos por cada 100.000 habitantes nos últimos 14 dias.
Ferreira do Alentejo é um dos 77 concelhos que, por decisão do Conselho de Ministros tomada na quinta-feira, passam a ser considerados de risco elevado de transmissão da covid-19 a partir das 00:00 de segunda-feira, o que agrava as restrições impostas à população no âmbito do estado de emergência.
Segundo o autarca, com base no critério adotado pelo Governo, "é verdade que o concelho de Ferreira do Alentejo ultrapassou o limite de casos nos últimos 14 dias", mas, "atualmente, já está muito abaixo do limite". Por isso, a decisão do Governo de incluir Ferreira do Alentejo na lista de concelhos com risco elevado de transmissão do vírus da covid-19, tomada na quinta-feira, "baseou-se em dados desatualizados e numa situação que já não existe".
No entanto, a inclusão de Ferreira do Alentejo na lista, apesar de criar "alguma perturbação", vai ter "o impacto positivo de contribuir para sublinhar a chamada de atenção à população para a gravidade da situação e para a necessidade de se ficar em casa e adotar os comportamentos recomendados pelas autoridades", frisou o autarca, referindo que tem a expectativa de que o concelho saia da lista na próxima avaliação.
Luís Pita Ameixa explicou que Ferreira do Alentejo ultrapassou o limite de casos devido ao surto que infetou 20 trabalhadores imigrantes de um grupo de 24 que vivem juntos num espaço com várias casas na aldeia de Santa Margarida do Sado e que trabalham também juntos em explorações agrícolas no concelho. O surto ficou "circunscrito ao grupo, não teve qualquer contágio na comunidade e está resolvido", porque os imigrantes que foram infetados já estão recuperados, indicou.
O autarca disse também que reabriu parcialmente na quinta-feira a Escola do 1.º ciclo do Ensino Básico da vila de Ferreira do Alentejo, que tinha fechado no dia 06 deste mês e após confirmada a infeção pelo vírus da covid-19 numa professora e numa aluna.
Depois de confirmados os dois casos de infeção, "a autoridade de saúde local mandou fechar a escola por precaução e para fazer o inquérito epidemiológico", ou seja, identificar e mandar fazer testes aos contactos próximos das infetadas, explicou.
A autoridade de saúde permitiu a reabertura parcial da escola na quinta-feira para o regresso das turmas de alunos, dos professores e dos funcionários que não tinham tido contactos próximos com as infetadas. Já os alunos, professores e funcionários que tinham tido contactos próximos com as infetadas, num total de 38 pessoas, fizeram testes de despiste do vírus da covid-19.
Os resultados dos testes foram conhecidos hoje e todos deram negativo e os alunos, professores e funcionários testados vão regressar à escola na segunda-feira, dia em que o estabelecimento de ensino voltará a funcionar "normalmente".