O hangar construído no aeroporto de Beja pela MESA, empresa do grupo Hi Fly, “passou” no teste de resistência a que foi submetido, o que abre expectativas para que a laboração se possa iniciar já em agosto.
Texto Aníbal Fernandes
O Airbus 330-900 NEO, de 371 lugares e com um peso máximo de descolagem de 242 toneladas, foi o aparelho escolhido para fazer o teste de resistência à camada superficial do pavimento do novo hangar da Hi Fly. Segundo a empresa, contactada pelo “Diário do Alentejo”, este ensaio era o que faltava para requerer a “licença de utilização, instalação de equipamentos e ferramentas de manutenção e [obter] a certificação pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC)”.
O presidente da Câmara Municipal de Beja, Paulo Arsénio, que esteve presente no ensaio a convite do presidente da Hy Fly, Paulo Mirpuri e do arquiteto responsável pelo projeto, Miguel Cunha, manifestou a sua satisfação com a conclusão do processo, considerando que este tipo de atividades industriais aeronáuticas “será durante os anos mais próximos o mais viável motor de vida do aeroporto de Beja” que, no futuro, “poderá ser completado com outras valências” para as quais a infraestrutura já provou estar preparada.
Mas foi necessário ultrapassar alguns constrangimentos para que o projeto se tornasse realidade. “Quando a Hi Fly e a Mesa chegaram a Beja encontraram um aeroporto praticamente deserto. Com o apoio da entidade gestora do aeroporto, a ANA, do Grupo Vinci Airports, e do empenho do município de Beja, foi possível ir investindo progressivamente e hoje Beja é já um aeroporto com movimento, dotado de um hangar de manutenção de aviões de grande porte, base do maior aviões de passageiros do mundo - o Airbus A380 - e onde trabalham centenas de pessoas”, disse ao “Diário do Alentejo” fonte da empresa.
Para o autarca bejenses “ao fim de muitos anos de expectativas sistematicamente goradas, de projetos que, por um motivo ou outro, caíam por terra”, a “teimosia” da empresa e da autarquia deu frutos e vai permitir “valorizar do ponto de vista económico a vertente civil do aeroporto, criando mais-valia para a região”.
Questionada acerca do concurso para técnicos de manutenção lançado em 2019, a Hi Fly informa que “foram selecionados 15 engenheiros que terminaram recentemente a parte teórica do curso e estão agora a fazer a parte prática. Antes do final do ano deverão estar licenciados e a trabalhar em pleno”. Entretanto, vai ser lançado mais um processo de seleção para mais 15 técnicos, cujo curso deverá ter início em setembro próximo.
Beja é, assim, uma das quatro bases permanentes da Hi Fly, companhia líder a nível mundial no fornecimento de aviões em regime de “wet lease”, quer a outras companhias aéreas, quer a governos em todo o mundo. A MESA, que integra o Grupo Hi Fly é especializada em engenharia e manutenção de aviões comerciais de médio e grande porte, estando certificada para todos os modelos Airbus.
INVESTIMENTO DE 30 MILHÕES DE EUROS
A MESA espera investir 30 milhões de euros neste projeto, que deverá criar cerca de 150 empregos nos primeiros três anos de atividade. Distribuído por uma área de 9.500 metros quadrados, o projeto inclui a construção do hangar e oficinas. Para o local está também prevista a construção de um centro técnico com capacidade para grandes aeronaves. Com este investimento a Hi Fly reforça a intenção de transformar o aeroporto de Beja numa relevante base para os seus aviões. “Até há um ano, o aeroporto não tinha aproveitamento nenhum e agora começou a ter, numa área e num setor que vai fixar população e mão de obra especializada em Beja”, adianta Paulo Arsénio.