Diário do Alentejo

O retrato como forma de “celebrar a vida e a sabedoria”

31 de agosto 2021 - 21:15

A Biblioteca Municipal de Serpa exibe, até ao próximo dia 4 de setembro, a exposição fotográfica, de Rita Ferreira, intitulada “No meu rosto enrugado, a história da minha vida”. O projeto, proposto pela Santa Casa da Misericórdia de Serpa, foi desenvolvido no âmbito do dia Mundial da Fotografia, celebrado a 19 de agosto, e tem como personagens retratadas utentes da Estrutura Residencial para Idosos – Lar de São Francisco.

 

Texto José Serrano

 

Que histórias nos pretendem estas imagens revelar?

Este projeto, que me foi proposto pela Santa Casa da Misericórdia de Serpa, tem a intenção de se constituir como uma forma de celebrar a vida, a riqueza e a sabedoria destes rostos. Nestes tempos atípicos, a instituição pretendeu, essencialmente, dar alento aos utentes do Lar de São Francisco, mostrar-lhes, através do desenvolvimento de ações que os motivem e alegrem, que não estão esquecidos. As imagens, em exibição, revelam memórias, umas tristes e outras felizes – são a expressão das suas vidas.

 

Como foi o processo de colaboração entre a fotógrafa e os retratados, que resultou nesta exibição?

Esta exposição não foi obtida através de uma sessão fotográfica: resultou, sim, de uma série de conversas emotivas que, de vez em quando, permitia um clique, um retrato. Houve uma partilha da disponibilidade de ouvir e da vontade de contar. Deixei-me enternecer com o passado comovente daquelas pessoas. Muitas vezes, confesso, não consegui conter as lágrimas.

 

O que significou para si a realização deste trabalho?

Eu surgi no projeto como ponte para a comunidade, como recurso para dar imagem às memórias. Foi, por isso, um desafio que encarei com grande responsabilidade e como uma oportunidade de explorar esta área da fotografia – o retrato.

 

E o que pensa ter significado a realização deste trabalho para os fotografados, utentes do lar de São Francisco?

Essencialmente, penso que se sentiram especiais. Foi com nostalgia que alguns dos utentes olharam para os seus retratos e, ao ver os seus traços físicos de agora, se lembraram da sua juventude e como a vida os mudou.

 

O que gostaria que estas imagens pudessem transmitir aos seus espectadores?

Que tudo o que vivemos nos muda, de alguma forma. É importante podermos olhar para trás orgulhosos do nosso percurso e das nossas vivências e que, acima de tudo, consigamos amar a pessoa que fomos e aquela em que nos tornámos.

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