A Biblioteca Municipal Doutor Palma Caetano, em Vidigueira, recebe até dia 6 de julho a exposição, de pintura e escultura, “The Last Exhibition”, do artista alentejano Silvestre Raposo.
Texto José Serrano
Como nos apresenta esta sua exposição?
Como um percurso estético artístico e de vida, onde a palavra escrita traça a ordem de apresentação do mesmo, não estando as obras apresentadas numa sequência cronológica da sua criação, mas sim pela ligação das palavras dos seus títulos que, simbolicamente, identificam cada obra, deixando a mensagem que para além da vida do autor restará apenas a sua obra.
De que forma estes tempos conturbados que vivemos, de pandemia, moldaram a sua criação, o seu pensamento artístico?
A criação pode variar, mas existe sempre, não dependendo da situação envolvente. Mas estes tempos foram, são, diferentes e condicionaram a execução de algumas esculturas – o trabalho foi virado para a pintura e para a escrita, resultando dele, além das pinturas, um livro.
Nesse sentido, representa esta exposição, “desconfinada”, próxima do público e para lá dos ecrãs, um clamor de liberdade artística?
É na sua essência uma expressão de liberdade artística, como sempre o é, quer na forma, quer no conteúdo, pela sua variedade plástica e estética.
De que forma a sua condição de aldenovense, de alentejano, tem influenciado a sua arte?
É para mim um privilégio ter nascido e crescido no Alentejo, o que permitiu vivências de aprendizagens várias, influenciadoras do caminho das artes, ao que se juntou o meu desejo de aprender a fazer. O fazer é a essência, enquanto o ver é superficialidade, e é na curiosidade, inerente ao desejo de aprender a fazer, que surge a arte, moldando o homem no seu desejo de saber e transmitir.
O que mais gostaria que esta exposição oferecesse a quem a visitar?
Mais que gerar uma apreciação de gosto, que influenciasse o desejo de saber, esse alimento pela cultura e pela arte. É a expressão artística, – seja plástica ou arquitetónica, que persiste no tempo, resiste e demonstra a cultura dos povos – o elemento capaz de gerar uma sociedade melhor, porque mais atenta, mais culta.