“Vento” é o título do livro da autoria de Rita Palma Nascimento. Uma obra com 52 poemas que nos falam de liberdade, cujo prefácio é da autoria de Bruno Ferreira. O livro, que se encontra já em pré-venda no ‘site’ da editora – www.velhalenda.com – poderá ser adquirido, a partir de 5 de março, numa vasta gama de livrarias.
O que nos traz este seu “Vento”?
Traz a liberdade dos sentidos e do sentir, devolvendo-nos à essência e às sensações, mas também às pequenas liberdades que nos definem e constroem: a liberdade de expressão, de ser e estar, de sonhar, de escolher, de amar, a liberdade de opção, de experimentação, de viver…
E “para que servem os poetas em tempos de catástrofe?”, como se indaga num dos poemas do seu livro?
Servem para humanizar. Servirão para fazer ver aquilo que tende a não ser visto. Servirão para despolarizar – o mundo, as ideias, a vida, o real… – e concretizar o impossível, num verso. Afonso Cruz escreveu, a respeito dos artistas, num dos seus mais bonitos livros: “são inutilistas” e que os poemas “servem para ver o mar”. Entenderá quem ler, que para ver não nos bastam os olhos e que é essa a utilidade dos artistas, ao qual o poeta não é exceção.
Considera que a liberdade, ideia central desta reflexão poética, deveria colher da nossa parte, enquanto cidadãos, uma maior reflexão?
A realidade foi, por nós, sendo reduzida ao que há de mais concreto, elementar e absoluto, através da subtração da nossa capacidade de a interrogar e pensar além, renunciando à liberdade – enquanto seres pensantes – da contemplação, da expansão, da transformação e da inconformidade. Abolimos, à realidade, a soberania para ser o que é, condicionando-a. Ao desconhecido negámos a entrada nas rotinas, erguendo muros físicos, espirituais, sociais e políticos, distorcendo distâncias e negando toda e qualquer oportunidade de acesso ao exterior. Encurralámo-nos num mundo global, pensando, erradamente, que erámos livres e que esse era o caminho da liberdade.
É este um livro livre?
Do início ao fim. Em primeiro lugar porque enquanto houver poesia há liberdade e enquanto houver liberdade há poesia. Em segundo lugar, porque o “Vento” pode ser lido da frente para trás, de trás para a frente ou salteado, concedendo ao leitor a possibilidade de o interpretar de múltiplas formas, sem a condição de se estar certo ou errado.
O que mais deseja que esta obra traga a quem a vier a ler?
Reflexão e algum humanismo, acima de tudo. Gostaria que o leitor sentisse a necessidade de investir meia hora numa página, onde podem figurar apenas três versos ou talvez 20, para refletir sobre o teor da mensagem lida, fechando de seguida o livro e voltando a ele mais tarde, para o mesmo exercício. Não me leiam, por favor, “de rajada”.