Os quatro núcleos museológicos que constituem o Museu da Ruralidade estão a comemorar os seus aniversários. Este ano, a data é assinalada através da publicação de três livros infantis – À Descoberta do Tesouro; Uma Viagem no Tempo; O Mistério da Casa da Tia Prudência –, com ilustrações de Joaquim Rosa e textos de Constantino Piçarra, coordenador do museu, com quem o “Diário do Alentejo” falou.
São estas três histórias infantis uma espécie de máquinas do tempo onde as crianças poderão, através delas, “visitar o passado” do país e da região?
Estas três histórias, cada uma delas ligada às temáticas de três dos quatro núcleos do Museu (Lombador, Almeirim e Aivados) têm como objectivo contribuir para uma melhor compreensão, por parte dos mais jovens, do passado que aí é retratado através das imagens e das peças expostas. Os livros podem, de facto, considerar-se “máquinas do tempo”, na medida em que transportam a criança leitora para um outro tempo, para o tempo dos seus bisavós e avós, onde, de forma lúdica, terão mais facilidade em conhecer e compreender as suas raízes, no fundo as marcas identitárias do território em que nasceram e habitam.
Pretendem, então, estas obras levar as crianças a desvendar, de forma lúdica, as suas raízes?
Assim é, de facto. No tempo presente, onde parece haver uma ação concertada de apagamento da memória, estes livros assumem-se na contracorrente. É para nós importante que as crianças do Alentejo de hoje percebam como viviam os seus antepassados, como era o seu trabalho, como se relacionavam com a natureza, em que casas habitavam, que brincadeiras tinham, que tipo de escola frequentavam. Resgatar a memória, num registo lúdico, e propiciar a discussão em torno dela é, no fundo, a intenção destes três livros.
Existe a intenção de estes livros virem a ser explorados em contexto escolar?
O objectivo é distribuir os livros pelas crianças a frequentar os 1.º, 2.º e 3.º ciclos de ensino do concelho de Castro Verde, o que não invalida que os professores possam trabalhar estas histórias com os seus alunos, nomeadamente aquando da preparação de eventuais visitas de estudo aos núcleos museológicos de Lombador, Almeirim e Aivados. Pela parte do Museu, eles servirão para organizar um conjunto de atividades lúdicas para as crianças e jovens que nos visitem.
Representa a continuidade da celebração desta data uma forma de resiliência a estes tempos conturbados que vivemos?
A apresentação dos livros, com a presença da comunidade, estava programada para as datas de aniversário de cada um dos núcleos museológicos. A atual pandemia não permitiu, no entanto, a concretização desta nossa intenção. Assim, resolvemos fazê-lo pela Internet, o que representa, de facto, uma forma de resiliência face aos tempos muito difíceis que estamos a viver.