Diário do Alentejo

Jorge Serafim: “A esperança é quando o amor se põe à espreita”

10 de dezembro 2020 - 12:20

Jorge Serafim publicou recentemente o seu mais recente livro, intitulado Amar à Vista, uma história de esperança que apresenta o diálogo e a compreensão de uns pelos outros, como os melhores “caminhos alternativos à ignorância”.

 

Texto José Serranp

 

Quais os mares navegados por esta sua mais recente “embarcação”?

Esta é a história de uma embarcação que tenta encontrar passagens de tolerância e de fraternidade nos mares pelos quais navega. Um barco que transporta corações de todas as cores, credos ou raças. Mais do que o desejo de avistar terra, procura que o verbo amar seja o porto onde possa ancorar as vidas que transporta. Uma viagem que é uma alusão a todos os que são forçados a abandonar as suas origens e que, depois de travessias angustiantes, ao invés de chegarem a terra firme, são confrontados com a intolerância, o preconceito, o medo e a violência. É uma história de esperança, na qual está subjacente que é através do diálogo e da compreensão dos outros, por nós, que se esbatem fronteiras e se constroem caminhos alternativos à ignorância: “Uma ponte é quando a bondade une as distâncias”.

 

A história que este livro conta é dirigida sobretudo a crianças?

É uma história extremamente poética. A poesia pincela a realidade de outros matizes. Busca, até nos sentimentos mais angustiantes, pigmentos que os transforma em algo digerível. Por isso creio que mais do que uma história para crianças é uma história para todas as idades. O que as crianças não entendem compete a quem medeia a leitura descortinar os sentidos das palavras. E não é obrigatório entender tudo à primeira. Basta sentirmos a matriz. É o início de crescermos e amadurecermos com as palavras dentro. Como os frutos, chegará a época certa para colher todos os sentidos.

 

É este um bom barco para aprender a marear neste “mar alto” que atravessamos?

É uma homenagem a alguns barcos (ONG’s) que enfrentam teias obscuras para salvar vidas. Todos os barcos que navegam pelo mais elementar humanismo, a vida humana, são maravilhosos. E nesta fase pandémica que atravessamos quase que não ouvimos falar deles. Mas os mares de angústia são diários.

 

Este livro à semelhança do seu antecessor, O Afinador de Memórias, apresenta, para além das palavras, uma forte presença da ilustração. De que forma contribui esta componente plástica para contar as suas histórias?

Mais do que um ilustrador, sou um apaixonado pela ilustração. Mas creio que a imagem mais do que replicar fielmente o que diz o texto engrandece-o quando acrescenta mais sentido às suas entrelinhas. A imagem alarga a temática, confere-lhe uma dimensão que se vai cimentando durante o livro. Como se enquadrasse o leitor num universo mais amplo.

 

A que porto gostaria que esta sua obra chegasse?

Gostaria que este livro chegasse ao maior número de leitores possível. Sem idade, nem geografia limitada. Que circulasse de mão em mão, de coração em coração, para que nunca esqueçam que, e citando uma frase da história: “A esperança é quando o amor se põe à espreita”.

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