Diário do Alentejo

Um beirão ‘alentejanado’ na memória dos aljustrelenses

30 de outubro 2020 - 09:50

Frequentou os seminários de Beja, Almada e Évora. Frequentou a faculdade de Filosofia do Colégio Máximo de Loyola, em Azpeitia, no País Basco, Espanha. Ordenado sacerdote, pela diocese de Beja, em 1952, iniciou a carreira de pároco em Amareleja, Moura. Escreveu nos jornais “A Defesa”, de Évora, “Notícias de Beja” e “Encontro”, de Aljustrel. Foi pároco de Aljustrel, desde 1961, durante 37 anos, exercendo paralelamente a atividade de professor de religião e moral. O seu nome faz parte da toponímia de Aljustrel (Rua Padre João Rodrigues Lobato).

 

Texto: José Serrano

 

João Rodrigues Lobato escreveu vários livros, tais como: “Esboço Monográfico da parte Nordeste da Freguesia de Penamacor”; “Amareleja: Rumo à sua História”; “Vila de Entradas – Breves Notas de História e Antologia” e “Aljustrel – Monografia”. É esta última obra, supracitada, que a Câmara de Aljustrel acaba de reeditar “com o intuito de relançar e valorizar este trabalho inédito de divulgação histórica do concelho”. O município refere ainda que esta nova reedição tem também o intuito de “preservar a memória de um homem que tanto deu e deixou” ao concelho. O “Diário do Alentejo” conversou com Sílvia Graça, sobrinha do autor.

 

Em “Aljustrel – Monografia” é referido o carater participativo da população neste trabalho – “dados e publicações para consulta, a oferta de fotografias, a orientação nos arquivos e a própria revisão, envolvem a colaboração de muita gente”. Considera que a estima manifesta de Aljustrel pelo padre João Lobato se relaciona com esta capacidade de envolver a comunidade em prol de um bem comum?

O meu tio era um homem humilde, íntegro, compreensivo e amigo das pessoas. Ao longo da sua vida, para além de ajudar muita gente, teve a capacidade de praticar o bem e de trabalhar com as pessoas, em prol da comunidade. Era um homem comum, que adorava a pesca e a caça, que gostava de conviver e de receber, à volta da mesa, os amigos. Eu sinto um enorme orgulho em ser sua sobrinha. Sentir que o meu tio continua a ser acarinhado pelas pessoas que o conheceram é o reconhecimento do seu valor, enquanto pessoa e enquanto padre.

 

É esta obra, no seu âmago, uma declaração de amor de João Lobato ao concelho que o acolheu?

Claro! O meu tio gostava muito de Aljustrel, era a sua terra – dizia muitas vezes: “Sou um beirão ‘alentejanado’”. Pelas diversas facetas que sempre assumiu, como padre e como homem, foi, por decisão do município, atribuído o seu nome a uma rua de Aljustrel, o que prova o reconhecimento do seu trabalho, ao longo dos anos de apostolado, nesta vila mineira – ele continua na memória coletiva dos aljustrelenses.

 

Na sua opinião, o que julga que o seu tio mais gostaria que esta obra pudesse transmitir, despertar, aos seus leitores?

O tio João queria deixar em Aljustrel o resultado do seu estudo sobre a nossa terra, transmitir a importância do conhecimento das nossas origens. Todos nós somos feitos de histórias – das nossas, das dos que estão à nossa volta e das da nossa terra. Aljustrel é uma vila com características e uma identidade muito próprias e esta monografia é um recurso importante, que reúne o resultado de um longo trabalho de todos aqueles que nela colaboraram e que a tornaram possível. Para nós, família, é importante sentir que os diversos executivos do município têm valorizado esta obra, que o meu tio quis que fosse propriedade da Biblioteca Municipal de Aljustrel.

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